quarta-feira, 28 de março de 2018

Kamala - Eyes of Creation (2018)


Kamala - Eyes of Creation (2018)
(Independente - Nacional)

01. Internal Peace
02. Stay with Me
03. Open Door
04. Something to Learn
05. Purpose of Life
06. Believe
07. Deep Breath
08. Eyes of Creation
09. Wake Up

Eis que após o ótimo Mantra (15) e o EP Consequences of Our Past Vol I (17) (com regravações de canções do 3 primeiros trabalhos), o Kamala lança Eyes of Creation, seu 5º álbum de estúdio. Para quem não conhece a banda, ela surgiu no ano de 2003, na cidade de Campinas/SP, e desde então vêm batalhando duro e enfrentando todas as intempéries de se fazer Metal no nosso país, se caracterizando por um Thrash Metal pesado, agressivo, moderno e técnico. Hoje é um trio formado por Raphael Olmos (guitarra/vocal), Allan Malavasi (baixo/vocal) e Isabela Moraes (bateria/ex-Sinaya, ex-Lethal Storm), que substituiu Estevan Furllan no ano passado.

Mantra foi, para mim, um dos melhores lançamentos de 2015, e por isso eu esperava com certa ansiedade por esse trabalho. E bem, se você estava na mesma situação que eu, posso adiantar que certamente não vai se decepcionar com Eyes of Creation. Em comparação com seu antecessor, temos aqui uma banda com um senso de melodia um pouco maior (o que torna sua música ainda mais cativante), mas que em momento algum soa menos pesada ou agressiva do que antes. Seu Thrash Metal enérgico e vigoroso continua intocado, e isso é uma virtude. Os vocais continuam alternando entre o rasgado e o gutural, com ótimos trabalhos tanto de Raphael quanto de Allan. A dinâmica vocal que os dois dão às canções é muito boa. No que diz respeito ao trabalho de guitarra, ele como sempre está muito bom, com ótimos riffs e solos. Allan e Isabela formam uma parte rítmica que já mostra muito entrosamento e técnica, e em muitos momentos se destacam no álbum.


Não se deixe enganar pela introdução acústica, com harpa e violão, de “Internal Peace”, faixa que abre o trabalho, pois logo ela explode em fúria e agressividade. “Stay with Me” dá sequência ao álbum com bons riffs, refrão forte e esbanjando groove, além de ter um ótimo solo, enquanto “Open Door” tem peso de sobra e de destaca pela ótima variedade vocal imposta por Raphael e Allan. “Something to Learn” se mostra não só uma canção enérgica, como também detentora de ótimos riffs e melodias. É um dos pontos altos de todo o álbum. “Purpose of Life” se destaca pelo uso do didgeridoo (um instrumento de sopro australiano) em seu início, mas também pela boa cadência e peso simplesmente esmagadores. “Believe” é outra que se destaca pelas ótimas melodias e pelo bom groove, assim como a empolgante “Deep Breath”, que conta com a participação especial de Marcus Dotta (Addicted to Pain, Hatematter, ex-Warrel Dane) na bateria, além de um ótimo refrão e riffs fortíssimos. A instrumental “Eyes of Creation” retrata com perfeição o que é o álbum, equilibrando de forma ímpar melodia e agressividade, além de mostrar toda a técnica da banda, e “Wake Up” encerra os trabalhos de forma densa, mesclando momentos acústicos e introspectivos com outros mais pesados e agressivos.

Gravado no Estudio RG (Americana/SP), o trabalho teve a produção, mixagem e masterização realizadas por Guilherme Malosso e co-produção de Yuri Camargo (que formam o duo de Atmospheric Black Metal Motherwood, responsável por um dos melhores lançamentos nacionais de 2017). O resultado final é muito bom, deixando tudo claro e audível, mas sem perder a agressividade. Também foram felizes nas escolhas dos timbres. Já a belíssima capa foi obra de Felipe Rostodella. Se mostrando mais maduro do que nunca, e apresentando um trabalho muito coeso, o Kamala nos presenteia com um álbum de Thrash que esbanja não só agressividade, peso e intensidade, como também criatividade. Certamente é um dos grandes álbuns do estilo que você irá escutar no Brasil esse ano.

NOTA: 86

Kamala é:
- Raphael Olmos (Guitarra/Vocal);
- Allan Malavasi (Baixo/Vocal);
- Isabela Moraes (Bateria).

Participações Especiais:
- Corentin Charbonnier (Harpa em “Internal Peace”)
- Victor Martins (Didgeridoo em “Purpose in Life”)
- Marcus Dotta (Bateria em “Deep Breath”)

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segunda-feira, 26 de março de 2018

Preceptor - Dogmatismo (2017)


Preceptor - Dogmatismo (2017)
(Songs for Satan/Misanthropic Records/Jazigo Distro/Philosofic Arts - Nacional)


01. A Peste
02. Corporações Criminosas
03. Maldição
04. Universo de Máscaras
05. Preceptor
06. 2810
07. Poseidon
08. Dogmatismo
09. Alienação Corrupção
10. Desespero
11. Depression Field

Ter uma banda de Metal no Brasil não é das missões mais simples. O estilo é praticamente invisível para a grande mídia (ficando restrito apenas à mídia alternativa), seu fã ainda é visto com ressalvas por grande parte da sociedade, e mesmo entre esses, poucos realmente dão apoio de verdade à cena, indo a shows, adquirindo materiais e coisas do tipo. Você realmente tem que amar o que faz. É esse o caso de Dú (Vocal/Mata Borrão, ex-Vector Underfate), Grilão (Guitarra/ex-Mortthrash), Sérgio Wildhagen (Guitarra/Expurgo, ex-Akerbeltz, ex-Mortthrash), Fred (Baixo/Throll) e Morone Hiffer (Bateria/ex-Necrobiotic, ex-Vector Underfate), que formam o Preceptor.

Para quem não conhece, o Preceptor surgiu em 2004, em Belo Horizonte, capital das Minas Hellrais, e investe em um Death Metal Tradicional com uma pegada que remete totalmente aos anos 80 e 90, e referências a nomes clássicos como Benediction, Bolt Thrower, Death, Morbid Angel e Entombed. E vejam bem, eu disse referências, pois sua sonoridade pesada, bruta agressiva e variada em momento algum soa como cópia ou datada. Ao contrário, sua música possui bastante personalidade e tem uma cara bem atual, sem precisar apelar para “modernices”. Vale citar também o fato de que, apesar de possuir boa técnica, não abusam disso nas canções, algo bem comum nas bandas mais atuais. Isso faz com que sua música seja bem direta, dando assim ao fã de Death Metal exatamente o que ele espera.

Dú mostra um gutural muito bom, soando bruto, mas não impedindo que o ouvinte consiga entender as ótimas letras, quase todas em português (só uma aqui é cantada em inglês). Grilão e Sérgio são uma ótima dupla e nos presenteiam com riffs de muita qualidade, bem fortes e que esbanjam fúria. Freddy e Morone mostram muito entrosamento e formam uma parte rítmica muito coesa, que esbanja peso e acima de tudo, variedade. Nesse ponto, vale dizer que o Preceptor opta por alternar passagens mais cadenciadas com outras mais velozes, fazendo com que suas músicas não soem cansativas. Ponto para eles. Para os que acompanham a banda há algum tempo e tiveram contato com o EP de 2010, Missiva Apocalíptica, fica nítido o amadurecimento musical do grupo, já que as composições soam muito mais coesas e com personalidade.


De cara temos “A Peste”, uma composição que é um retrato perfeito do que iremos ouvir durante todo o álbum. É agressiva, pesada e alterna as passagens mais velozes com as mais cadenciadas. Uma verdadeira pedrada. “Corporações Criminosas” é outra que se destaca pelas boas mudanças de ritmo, além de ter um ótimo trabalho de guitarras. “Maldição” esbanja rispidez, enquanto “Universo de Máscaras” se destaca não só pelos bons riffs, como também pelas ótimas linhas de baixo. “Preceptor” é tudo que esperamos de um bom Death Metal, ou seja, veloz, forte e brutal. Já “2810” e “Poseidon” se destacam principalmente pelas ótimas mudanças de tempo. “Dogmatismo” é sem dúvida alguma minha canção preferida em todo álbum, dessas forjadas sob medida para destruir pescoços alheios. “Alienação Corrupção” esbanja energia por todos os lados e deixa muito evidente as influências de Hardcore e Grindcore presentes na banda, enquanto “Desespero” tem todo aquele clima típico do Death Metal dos anos 90. Te faz viajar no tempo. Para encerrar, a faixa mais “diferentona” de todo o álbum, “Depression Field”. Além de ser a única cantada em inglês, soa bem densa e tem uma pegada mais Doom. Rivalizou com “Dogmatismo” pelo posto de minha preferida.

A produção é outro ponto a se destacar aqui. Ficou por conta da própria banda, com mixagem e masterização realizadas por Dennis Israel (Echelon, Dark Age, Falling Leaves, Amon Amarth). Conseguiram equilibrar muito bem clareza e crueza. Sabe aquelas produções plastificadas e artificiais que escutamos com cada vez mais frequência? Decididamente isso não ocorre aqui, já que a mesma soa bem orgânica. Também foram muito felizes na escolha dos timbres. A belíssima capa foi obra de Daniel Tavares, sendo uma das mais legais do ano passado. Sabe aquele CD perfeito para fazer você afastar os móveis da sala e sair batendo cabeça? Pois é, Dogmatismo é assim. Um verdadeiro soco na boca do estômago! Se gosta de Death Metal bem tocado, direto, forte e agressivo, corra atrás, pois não vai se arrepender.

NOTA: 85

- Du (Vocal);
- Grilão (Guitarra);
- Sérgio Wildhagen (Guitarra)
- Fred (Baixo);
- Morone Hiffer (Bateria).

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sexta-feira, 23 de março de 2018

Judas Priest – Firepower (2018)


Judas Priest – Firepower (2018)
(Sony Music – Nacional)


01. Firepower
02. Lightning Strike
03. Evil Never Dies
04. Never the Heroes
05. Necromancer
06. Children of the Sun
07. Guardians
08. Rising from Ruins
09. Flame Thrower
10. Spectre
11. Traitors Gate
12. No Surrender
13. Lone Wolf
14. Sea of Red

Lá se vão quase 50 anos de carreira. E não falamos de qualquer carreira, já que Judas Priest é o principal responsável por moldar todo um estilo, a ponto de ser impossível dissociar o nome da banda do Heavy Metal. Mas a verdade é que, gostem os mais fanáticos ou não, obstante o tamanho da lenda, faz tempo que o Judas não lança um trabalho que seja capaz de unir seus fãs, que te faça escutar o mesmo e pensar que estamos diante de um possível clássico. Mas convenhamos, nem dá para condená-los, afinal, faz parte do cerne do ser humano se acomodar com algumas situações.

De meados dos anos 90 para cá, as coisas não foram tranquilas para o Judas. Primeiro Halford saiu, sendo substituído por Tim “Ripper” Owens, com quem a banda lançou dois trabalhos, Jugulator (97) e Demolition (01). A repercussão não foi das melhores e em 2003, realizando o sonho de seus fãs, uniram-se novamente a Rob. Após isso, foram mais 3 álbuns, Angel of Retribution (05), Nostradamus (08) e Redeemer of Souls (14). Por mais que esses sejam trabalhos que possuem qualidades e defensores, a realidade é que todos passaram longe de serem unanimidades. Some-se a isso mais 2 fatos de suma importância: em 2011, K.K. Downing anunciou sua aposentadoria, se retirando da banda, e mais recentemente, Glenn Tipton se afastou das turnês, em decorrência dos efeitos do Mal de Parkinson, doença degenerativa com a qual convive há um tempo. No caso do primeiro, Richie Faulkner assumiu o posto, enquanto no segundo, Andy Sneap passou a excursionar com a banda.

Não vou mentir. Eu não esperava muita coisa mais vinda do Judas Priest, dado o fato de que já não lançavam um trabalho acima da média desde o fabuloso Painkiller (90). E vou além, acho que muitos fãs também compartilhavam desse pensamento, mesmo que não tivessem coragem de assumi-lo, afinal, quando uma banda chega ao status de lenda dentro de um estilo, a tendência é que o fã vire muito mais um “torcedor” do que um fã propriamente dito, fechando os olhos assim para falhas cometidas, recusando-se a aceitar que sim, lendas do Heavy Metal também cometem equívocos musicais. Por tudo isso, minha alegria por Firepower é sincera.


Não irei aqui cometer o exagero de dizer que seu 19º álbum de estúdio é um clássico. Falar isso seria totalmente leviano e eu estaria jogando para a torcida. Se é ou não é, o tempo tratará de dizer. O que posso afirmar é que o Judas Priest nos presenteou com um álbum que honra sua história. Por quase 30 anos, o fã esperou pelo legítimo sucessor de Painkiller, e justamente no momento mais improvável de sua carreira (que queiram ou não, se encaminha para o fim, pois o tempo é inexorável), o mesmo acabou surgindo. Muito do que escutamos poderia estar no citado clássico, mas não é só ele que dá as caras por aqui. Em Firepower, ecos de trabalhos como British Steel (80), Defenders of the Faith (84) e dos dois primeiros da carreira solo de Rob Halford, Resurrection (00) e Crucible (02), podem ser escutados pelos ouvintes mais atentos. Até mesmo momentos que remetem a Ram It Down (88) podem ser notados. Firepower é, pura e simplesmente, um álbum de Heavy Metal. E que álbum!

Não podemos discutir a capacidade de Rob Halford, pois ele é um dos maiores vocalistas do Rock/Metal de todos os tempos. Mas seria hipocrisia querer fechar os olhos para seus desempenhos recentes, afinal, a idade chega para todos. Em Redeemer of Souls, por mais que tenha feito um trabalho para lá de competente, em muitos momentos seus vocais soavam um pouco forçados. Já aqui não vemos isso, e Rob nos entrega seu trabalho mais sólido e diversificado em muito tempo. É nítida a paixão com a qual ele canta esse material. As guitarras soam pesadas e fortes, despejando não só riffs marcantes, como também ótimos duetos. Tipton dispensa qualquer presentação, enquanto Richie Faulkner se mostra ainda mais à vontade e adaptado à banda em seu segundo trabalho. Sobre Ian Hill e Scott Travis, não temos muito o que falar. Linhas de baixo marcantes, classudas, e bateria pesada, técnica e variada. É o que se espera da dupla e é o que nos entregam.


De cara, “Firepower” se mostra uma boa faixa de abertura, rápida e com boas bases, sendo seguida por “Lightning Strike”, uma música forte e que poderia estar sem problema algum em Painkiller. “Evil Never Dies” é um dos grandes momentos do álbum, e tem tudo para se tornar uma faixa clássica da banda, com boas guitarras, variação rítmica, um belo solo e refrão marcante. “Never the Heroes” é outra que se destaca pelo refrão, além de possuir boas melodias e um clima épico. Já “Necromancer” tem uma pegada um pouco mais moderna e riffs deveras sinistros, mas, ainda assim, uma bela canção de Heavy Metal Tradicional. “Children of the Sun” se destaca não só pela cadência e pelo peso, mas também por ser dessas faixas grudentas e que ficam na sua cabeça por um bom tempo.

Após a breve instrumental “Guardians”, a segunda metade do álbum abre com a fantástica “Rising from Ruins”, intensa, épica, com uma fortíssima linha de baixo e ótimos solos que esbanjam melodias. “Flame Thrower” apresenta aquele Heavy Metal típico do Judas, com ótimos riffs, sendo seguida por “Spectre”, faixa onde a parte rítmica se destaca e que possui melodias verdadeiramente contagiantes. Se você quiser saber o que é um verdadeiro Heavy Metal oitentista, escute a faixa seguinte, “Traitors Gate”, intensa, enérgica, e épica. “No Surrender” mescla com perfeição ímpar e de forma explosiva Hard e Heavy Metal. Difícil não se contagiar com sua energia e fúria. A pesada “Lone Wolf” se diferencia bastante das demais, com um ótimo riff principal e influência de Black Sabbath, enquanto “Sea of Red” encerra Firepower de forma épica.

A produção foi feita pela da dupla Andy Sneap (Amon Amarth, Accept, Megadeth, Exodus, Kreator), e um velho conhecido, Tom Allom, com quem o Judas trabalhou do período que foi de British Steel até Ram It Down. O resultado foi uma produção de altíssimo nível, bem mais polida e elaborada que as anteriores. A parte gráfica ficou por conta de Claudio Bergamin (Halford, Battle Beast) e Mark Wilkinson (com quem trabalham há 3 décadas), e vale dizer que a capa remete de certa forma ao clássico Screaming for Vengeance (82). No fim, temos uma verdadeira seleção de músicas para se cantar junto, levantando seus punhos para o alto. Uma honesta e verdadeira declaração de amor ao Metal.

NOTA: 91

Judas Priest é:
- Rob Halford (Vocal);
- Glenn Tipton (Guitarra);
- Richie Faulkner (Guitarra);
- Ian Hill (Baixo);
- Scott Travis (Bateria).

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quinta-feira, 22 de março de 2018

Tchandala - Resilience (2017)


Tchandala - Resilience (2017)
(Independente - Nacional)


01. The Flame
02. Labyrinth
03. Valley of Greed
04. Lamento do Velho Chico
05. Tears of River
06. Echoes Through the Fourth Dimension
07. Flatland
08. Shadows
09. Father’s Spirit
10. Caesar
11. Resilience
12. Echoes Through the Fourth Dimension (Acústica)

Surgido em Aracaju/SE, no ano de 1996, o Tchandala já está aí há mais de duas décadas batalhando arduamente no nosso meio underground. Resilience é seu 3º trabalho completo de estúdio e vem após um hiato de 5 anos do lançamento do bom Fear of Time (12), mostrando a banda mais madura e coesa do que nunca, e vivendo o que certamente é o melhor momento criativo de sua carreira. Musicalmente, para quem não conhece o quinteto sergipano, o que temos aqui é um Heavy Metal Tradicional que aposta principalmente nas boas melodias e no peso, como era de se esperar, mas que não soa datado em momento algum.

Ao contrário de muitos nomes da atualidade, que preferem emular aquela sonoridade tipicamente oitentista, o Tchandala opta por seguir uma linha mais “moderna”, por assim dizer. Sua música soa atual, e acima de tudo, possui personalidade de sobra. O trabalho vocal de Dejair Benjamim é muito bom, e em momento algum soa cansativo. Para completar, ainda têm o apoio de uma série de convidados especiais, dentre eles Tim “Ripper” Owens (ex-Judas Priest, ex-Iced Earth) e Iuri Sanson (Hibria), o que ajuda a enriquecer a mais o álbum nesse sentido. As guitarras de Thamise Ducci e Rafael Moraes (que saiu posteriormente, sendo substituído por Siuari Damaceno) nos entregam ótimos riffs e solos de qualidade, enquanto a parte rítmica, com Sando Souza (Baixo) e Pablo Rubino (Bateria), mostra técnica e muito peso.


São 12 músicas, todas de muita qualidade, mas com aqueles inevitáveis destaques. “The Flame”, faixa que abre o álbum, apresenta não só boas guitarras, como também um refrão grudento e boas melodias. “Valley of Greed” é agressiva e possui ótimos riffs, além de contar com a participação mais do que especial de Iuri Sanson (Hibria), que enriquece demais o resultado final. “Tears of River” é um Prog/Power carregado de energia, com uma boa utilização de elementos regionais e com direito à Banda de Pífano de Caruaru encerrando a mesma. “Echoes Through the Fourth Dimension” é uma música semi-acústica, que cativa com facilidade o ouvinte e conta com participação do duo Write Me a Letter (a mesma também recebeu uma bela versão puramente acústica, que encerra o trabalho). “Caesar”, além de contar com vocais de Tim “Ripper” Owens, se mostra pesada e com um ótimo trabalho da dupla de guitarristas. Mas a melhor de todas é sem dúvida alguma “Resilience”, uma verdadeira pedrada, e que se destaca não só pelo peso e energia, como pelos riffs e pelo bom trabalho vocal. Em alguns momentos, você consegue pescar algo de Judas Priest na mesma.

A produção ficou por conta da banda e da dupla Marcos Franco e Dan Loureiro, sendo que ambos foram responsáveis pela mixagem e masterização do álbum, enquanto a mixagem e masterização da faixa "Lamento do Velho Chico" foi realizada por Sérgio Basseti. O resultado final ficou muito bom, já que tudo soa claro e limpo, mas com uma organicidade muito legal e que passa longe do artificialismo de muitos trabalhos atuais. Já a belíssima capa e o ótimo design do encarte ficou por conta de Marlon Delano. Com uma música mais pesada, coesa e melhor trabalhada, o Tchandala mostra que o tempo só lhe fez bem, trazendo a maturidade necessária para lançar um trabalho de primeiríssima categoria e que tem tudo para colocá-lo entre as principais bandas nacionais do estilo.

NOTA: 83

Tchandala é (Gravação):
- Dejair Benjamim (Vocal)
- Thamise Ducci (Guitarra)
- Rafael Moraes (Guitarra)
- Sandro Souza (Baixo)
- Pablo Rubino (Bateria)

Tchandala é:
- Dejair Benjamim (Vocal)
- Thamise Ducci (Guitarra)
- Siuari Damaceno (Guitarra)
- Sandro Souza (Baixo)
- Pablo Rubino (Bateria)

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quarta-feira, 21 de março de 2018

Killepsia – Killepsia (EP) (2017)


Killepsia – Killepsia (EP) (2017)
(Independente – Nacional)


01. Role Model
02. Bordado
03. Império
04. Incertezas

O Killepsia surgiu no ano de 2013, em Porto Alegre/RS, tendo lançado já no ano seguinte seu primeiro EP, Kronophobia. Passados 3 anos e algumas mudanças de formação, soltaram no ano passado seu segundo trabalho do mesmo tipo, autointitulado. E o que temos aqui é uma mistura bem interessante de Heavy Metal, Rock Progressivo, MPB e Jazz, fazendo da sonoridade do quarteto algo diversificado e diferenciado.

Sua música se mostra bem coesa e equilibrada, o que é um ponto positivo. Apesar de técnicos, conseguem fazer sua música de uma forma bem simples, sem exageros, fazendo com que suas canções soem agradáveis, mesmo para aqueles que não são tão fãs de Progressivo. Chama também a atenção o fato de que, apesar de ótimas melodias, não abrem mão do peso, com direito a algumas passagens bem agressivas aqui e ali.

O trabalho de guitarras de Vicente Queiroz e Giuseppe Oppelt é muito bom, com destaque principalmente para os solos. Na parte rítmica, Ian Ge Eff imprime algumas linhas bem fortes de baixo, enquanto Rafael Severo se mostra um baterista altamente técnico e diversificado. O único senão, a meu ver, fica no que tange o trabalho vocal, dividido por Vicente e Ian. Não que ele seja ruim, mas fica aquém do que a música do Killepsia pede. Senti um pouco de insegurança em alguns momentos, e falta alcance a voz de ambos. Isso faz com que, em alguns momentos, os vocais não correspondam ao que o instrumental pede (e acreditem, nessa parte eles são ótimos).

 

São 4 canções, todas muito bem arranjadas, e com boas variações de tempo. Destaca-se o fato também de que uma delas é cantada em inglês, e as demais em português. “Role Model” abre o trabalho com uma forte linha de baixo e possui boa agressividade, mas achei a mais fraca do EP, principalmente no que diz respeito ao trabalho vocal. “Bordado” tem uma pegada mais acessível, com algo de Pop/Rock aqui e ali, mas sem abrir mão do peso (principalmente nas bases). E aqui constatamos que o Killepsia se sai melhor cantando em português do que em inglês (fica aí a dica para trabalhos futuros). “Império” é a mais diversificada de todas as canções aqui presentes, com seus quase 8 minutos de duração. Enérgica, passeia entre o Metal e o Progressivo, com ótimos resultados. Encerrando, temos a forte “Incertezas”, densa, técnica e, certamente, a mais pesada de todo o trabalho.

Produzido e mixado por Vicente Telles, com coprodução de Ian Ge Eff e masterização realizada por Marcos Abreu. O resultado final é razoável: está tudo bem claro e audível, com boa timbragem e um clima mais orgânico, mas em um ou outro momento a crueza acaba soando um pouco além da conta, levando em conta a proposta do quarteto. Ainda assim, está longe de comprometer. Já a capa, simples e funcional, é obra de Pedro Valadão. Mostrando muita personalidade e diversidade, o Killepsia surpreende pela ótima música aqui apresentada. Acertando esses pequenos detalhes apontados aqui e ali, estarão mais do que prontos para voos muito mais altos.

NOTA: 81

Killepsia é:
- Vicente Queiroz (Guitarra/Vocal);
- Ian Ge Eff (Baixo/Vocal);
- Giuseppe Oppelt (Guitarra);
- Rafael Severo (Bateria).

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terça-feira, 20 de março de 2018

Destruction - Thrash Anthems II (2017)


Destruction - Thrash Anthems II (2017)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)


01. Confused Mind
02. Black Mass
03. Front Beast
04. Dissatisfied Existence
05. United By Hatred
06. The Ritual
07. Black Death
08. Antichrist
09. Confound Games
10. Rippin’ You Off Blind
11. Satan’s Vengeance
12. Holiday In Cambodia (Bonus Track - Dead Kennedys Cover)

Quando uma banda consagrada dentro de seu estilo resolve regravar velhos sucessos, a recepção por parte dos fãs mais antigos não costuma ser das melhores. Confesso que eu mesmo tenho um pé atrás com esse tipo de iniciativa, desaprovando-as em certas ocasiões. E vale dizer que nem sempre isso se dá pelo fato de o ouvinte estar arraigado a tradicionalismos, mas sim porque certas canções soam perfeitas em sua forma original, e nada do que se faça com elas as tornarão superiores às suas versões originais.

Em 2007 o Destruction lançou Thrash Anthems, um álbum que trazia para o século XXI antigos clássicos de seu repertório. O resultado divide opiniões até hoje, tendo uma parcela de seu público que o aprovou com louvor, e outra que não se empolgou tanto. Dez anos se passaram e os alemães resolveram fazer nova investida nesse sentido, dessa vez com uma campanha de financiamento coletivo no site PledgeMusic, onde não só os fãs ajudaram a financiar o álbum, como também escolheram o repertório. Ele chegou às mãos dos fãs em julho de 2017 e em novembro a Nuclear Blast resolveu fazer seu lançamento mundial.


Dos anos 80 para cá, Schmier e Mike cresceram como músicos, e Vaaver certamente é o melhor baterista, do ponto de vista técnico, a passar pelo Destruction. A produção também é infinitamente superior, soando limpa, com as guitarras mais fortes e pesadas, mantendo até mesmo a força dos riffs originais. Tudo isso se reflete no resultado final, já que, acima de qualquer coisa, temos um trabalho muito sólido. Mas aí vem aquela pergunta: as versões aqui ficaram superiores às originais? Não, de forma alguma. A verdade é que essas canções são temas únicos justamente por aquele clima inigualável que elas possuem e que de forma alguma poderia ser reproduzido 3 décadas depois.


Mas veja bem, isso não faz de Thrash Anthems II um álbum dispensável. Em primeiro lugar, o repertório foi muito bem escolhido pelos fãs, e cobre todos os trabalhos da banda desde a demo Bestial Invasion of Hell (84) até Cracked Brain (90). Além disso, mesmo que as versões não soem superiores às originais, ainda sim ficaram muito boas, já que soam mais vivas do que nunca. Além do mais, é uma forma de apresentar, com uma roupagem mais moderna, antigos clássicos da banda para uma geração que não é tão apegada àquela sonoridade tipicamente oitentista, ou que não tem fácil acesso ao material do período. Os maiores destaques ficaram por conta de “Confused Mind” (Eternal Devastation (86)), “Black Mass” (Sentence of Death (84)), “Black Death” (Infernal Overkill (85)), “Rippin’ You Off Blind” (Cracked Brain (90), originalmente com vocais de André Grieder) e “Satan’s Vengeance” (Bestial Invasion of Hell/Sentence of Death (84)). Vale dizer que ainda temos um cover para “Holiday In Cambodia”, do Dead Kennedys, e participações especiais dos guitarristas Ol Drake (ex-Evile), Michael Amott (Arch Enemy) e V.O. Pulver (Pänzer).

Toda a parte de produção mais uma vez ficou por conta de V.O. Pulver, com ótimos resultados, já que deixou tudo limpo, claro, agressivo e pesado, mas sem saturação em excesso (um problema de trabalhos passados do Destruction). A capa, como vem ocorrendo já há algum tempo, foi obra de Gyula Havancsák. Se você é desses fãs mais puristas e radicais, existe sim a possibilidade de não gostar tanto assim de Thrash Anthems II, mas se você faz parte da geração mais nova de fãs desse gigante do Thrash alemão, certamente esse é um álbum que vai te agradar em cheio. Pode não ter o brilho dos velhos clássicos, mas é sólido, correto, respeitoso e acima de tudo, de qualidade.

NOTA: 83

Destruction é:
- Schmier (Vocal/Baixo);
- Mike (Guitarra);
- Vaaver (Bateria).

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quinta-feira, 15 de março de 2018

Pänzer - Fatal Command (2017)


Pänzer - Fatal Command (2017)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)


01. Satan’s Hollow
02. Fatal Command
03. We Can Not Be Silenced
04. I’ll Bring You The Night
05. Scorn And Hate
06. Afflicted
07. Skullbreaker
08. Bleeding Allies
09. The Decline (And The Downfall)
10. Mistaken
11. Promised Land
12. Wheels Of Steel (Saxon Cover) * Bonus Track

Quando surgiu em 2014, o Pänzer gerou a maior das expectativas, já que o projeto unia no mesmo time o vocalista e baixista Schmier (Destruction), o guitarrista Herman Frank (Victory, ex-Accept) e o baterista Stefan Schwarzmann (ex-Accept, ex-Running Wild). A ideia era simples, tocar Heavy Metal puro e simples, sem modernices, e obstante eu não curtir muito seu trabalho de estreia, Send Them All to Hell (14), tenho que admitir que eles entregaram o que prometeram, agradando em cheio aos fãs do estilo.

Apesar da boa recepção que o debut teve, Herman Frank optou por sair para focar em seus outros projetos. Para seu posto a banda optou por trazer não um, mais dois guitarristas, V.O.Pulver (Poltergeist, Gurd, ex-Carrion), que já vinha trabalhando com a banda, pois cuidou de toda produção de Send Them All to Hell, e Pontus Norgren (Hammerfall). Com sua line up renovada, mas não menos talentosa, trataram de partir para a gravação do seu segundo álbum, deixando os fãs ansiosos para escutar como essa nova configuração funcionaria em estúdio.

Se você gostou do debut, pode respirar mais do que aliviado, já que Fatal Command apresenta exatamente aquilo que se espera. É Heavy Metal Tradicional, com alguns toques de Thrash e Speed aqui e ali, responsáveis por dar um pouco mais de agressividade às canções. Se você não teve a oportunidade de ouví-los, tente imaginar uma mescla de Accept com Judas Priest e Iron Maiden, com uma pitada leve de Destruction aqui e ali. Os vocais de Schmier soam um pouco mais polidos que na estreia, enquanto as guitarras de Pulver e Pontus entregam ótimos riffs e melodias, guitarras gêmeas aos montes e ótimos solos. Stefan, como não podia deixar de ser, faz um trabalho muito sólido de bateria.


A sequência inicial não esconde nem um pouco a influência da NWOBHM na sonoridade do Pänzer. “Satan’s Hollow” é uma canção forte, com riffs que poderiam ter sido compostos por Glenn Tipton e K. K. Downing. “Fatal Command” esbanja energia e boas guitarras e “We Can Not Be Silenced” se destaca pelos ótimos vocais, pelo belo solo e pelo refrão marcante. “I’ll Bring You The Night” te joga em uma máquina do tempo, de volta aos anos 80, “Scorn And Hate” escancara as influências de Maiden (você até espera que Bruce entre cantando), e “Afflicted” traz uma pegada um pouco mais Thrash. Já cadenciada “Skullbreaker” tem peso de sobra, enquanto ‘Bleeding Allies” se destaca principalmente pelas ótimas guitarras gêmeas. Na sequência final, temos a pesada “The Decline (And The Downfall)”, a explosiva “Mistaken” e a rápida e furiosa “Promised Land”. De bônus, um cover muito legal para "Wheels Of Steel”, do Saxon.

A produção ficou a cargo de Schmier e Pulver, sendo que este mais uma vez mixou e masterizou o álbum. O resultado é muito bom, deixando tudo claro e audível, mas sem aquele ar plastificado de muitas produções atuais. A capa, divertidíssima e ao mesmo tempo muito crítica, é obra de Gyula Havancsák (Grave Digger, Accept, Destruction). Sem inovar e mostrando o básico no que se trata de Heavy Metal, o Pänzer não só agrada em cheio os fãs do estilo, como apresenta um trabalho divertidíssimo, desses que você escuta e nem percebe o tempo passar.

NOTA: 84

Pänzer é:
- Schmier (Vocal/Baixo);
- V.O.Pulver (Guitarra);
- Pontus Norgren (Guitarra);
- Stefan Schwarzmann (Bateria).

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quarta-feira, 14 de março de 2018

Scalped - Synchronicity of Autophagic Hedonism (2017)


Scalped - Synchronicity of Autophagic Hedonism (2017)
(Songs for Satan/Cianeto/Tales from the Pit/Brothers of Metal/Violent Records/Terceiro Mundo Chaos Discos/Turbulation/Antichrist Hooligans Distro/Heavy Metal Rock - Nacional)


01. Fulminant Idiosyncrazy    
02. Final Round    
03. Natural Disgrace    
04. Overpopulation    
05. Destruction and Chaos    
06. Psychopath    
07. Chemical Empire    
08. Sadistic Evolution    
09. Fuck Your Opinion    
10. Scalped   
11. Blood Pain and Feeling

Surgido em 2012, em Belo Horizonte, capital de Minas Hellrais, o Scalped já havia chamado a atenção dos apreciadores de Death Metal com seu EP de estreia, Psychopath (14). Ali já podíamos observar uma banda que, apesar do pouco tempo de estrada, mostrava um trabalho de muito bom nível, mesmo que seu som não nos apresentasse novidades. Era aquele Death Metal cru, esporrento e brutal, como toda banda do estilo deveria ser.

O que temos em Synchronicity of Autophagic Hedonism é uma evolução natural do EP Psychopath. Ainda seguindo a proposta de mesclar a escola americana e a sueca do estilo, e alternando momentos mais velozes com outros mais cadenciados, o Scalped se mostra uma banda mais coesa e madura do que na estreia. Os vocais de Fernando Campos soam totalmente doentios, enquanto as guitarras de Thiago Macedo e Claydson Silva (que saiu após a gravação) despejam ótimos riffs e solos, enquanto a parte rítmica, com o baixista Bruno Mota e o baterista Marcelo Augusto, se mostra técnica, pesada e bem diversificada.


Das 11 canções aqui presentes, temos uma instrumental que encerra o álbum, “Blood Pain and Feeling”, e 3 canções que estavam presentes no EP, as ótimas “Psychopath”, “Sadistic Evolution” e “Scalped”. As demais conseguem manter um nível muito bom de qualidade, com maior destaque para a furiosa “Natural Disgrace”, com um ótimo solo, a bruta “Overpopulation”, a raivosa “Chemical Empire”, que alterna velocidade e cadência, sendo ótima para entortar pescoços, e “Fuck Your Opinion”, um verdadeiro murro no pé do ouvido, e que pode fazer sangrar os tímpanos mais delicados.

A produção ficou por conta de Thiago Prado e Marcelo Roffer, sendo que esse último também foi responsável pela mixagem e masterização. Resultado final muito bom, pois conseguiu dosar clareza com agressividade, peso e a sujeira necessária para a proposta sonora da banda. O álbum possui duas capas, sendo que a principal é obra de Pablo Miconi, enquanto a alternativa foi feita por Emerson Maia. Mostrando que nem sempre inovar é necessário, o Scalped agrada em cheio com seu Death Metal brutal e visceral, e tem tudo para em breve estar entre os principais nomes do cenário nacional.

NOTA: 82

Scalped (gravação):
- Fernando Campos (Vocal);
- Thiago Macedo (Guitarra);
- Claydson Silva (Guitarra);
- Bruno Mota (Baixo);
- Marcelo Augusto (Bateria).

Scalped é:
- Fernando Campos (Vocal);
- Thiago Macedo (Guitarra);
- Bruno Mota (Baixo);
- Marcelo Augusto (Bateria).

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segunda-feira, 12 de março de 2018

Rotting Christ - A Dead Poem (1997/2018)


Rotting Christ - A Dead Poem (1997/2018)
(Cold Art Industry - Nacional)


01. Sorrowfull Farewell
02. Among Two Storms
03. A Dead Poem
04. Out of Spirits
05. As If by Magic
06. Full Colour Is the Nights
07. Semigod
08. Ten Miles High
09. Between Times
10. Ira Incensus
11. Sorrowfull Farewell (Live)   
12. Among Two Storms (Live)

Antes de qualquer coisa, precisamos agradecer a Cold Art Industry por esse relançamento, algo que podemos chamar de um serviço de utilidade pública. Poder ter em mãos uma versão tão caprichada de A Dead Poem, com direito a duas faixas bônus, é algo que torna melhor o dia de qualquer fã do Rotting Christ. Sucessor do fantástico Triarchy of the Lost Lovers (96), o 4º álbum de estúdio dos gregos é uma evolução deste, se aprofundando mais nos elementos góticos e melódicos que haviam sido apresentados no mesmo. É onde a banda dá uma guinada forte para uma sonoridade mais Dark, com um resultado final simplesmente excelente.

Aqui podemos traçar um paralelo entre o Rotting Christ e o Paradise Lost. Ambos começaram suas carreiras com uma sonoridade mais extrema, mas com o passar dos álbuns, foram moldando seu som para algo menos brutal e muito mais melancólico e sombrio. Acho até que não seria exagero dizer que A Dead Poem é uma espécie de Draconian Times com um pé no Black Metal, dado o fato que ambos focam no goticismo e nas melodias, se diferindo apenas na questão vocal, pois ao contrário de Nick Holmes, Sakis manteve seus vocais mais agressivos. Similaridades com o trabalho do Moonspell também podem ser vistas, e não é coincidência termos a participação especial de Fernando Ribeiro em uma das canções.

Os vocais de Sakis continuam seguindo uma linha mais Black, e conseguem impor um ar sombrio as canções, enquanto sua guitarra é responsável não só por nos entregar ótimos riffs, como também algumas melodias belíssimas e solos fantásticos. É nítida a influência de Heavy Metal Tradicional em seu trabalho. A parte rítmica, com Themis e o estreante Andreas, também executa um trabalho de altíssimo nível. Repare nas linhas de baixo aqui presentes e em como são importantes para o resultado final. Os teclados, sempre encaixados de forma perfeita e sem exageros, tendo importância nos momentos mais atmosféricos e melancólicos, foram executados por ninguém menos que Xy, do Samael, que também foi o produtor do álbum.


Apontar destaques aqui é impossível, pois esse é daqueles trabalhos onde todas as canções estão niveladas por cima. De cara, temos o hino “Sorrowfull Farewell”, com seus riffs marcantes e belas melodias. Não satisfeito, na sequência escutamos outro clássico, “Among Two Storms”, que conta com a participação de Fernando Ribeiro (Moonspell) nos vocais e com um trabalho de guitarra primoroso (com destaque para o belo solo). “A Dead Poem” mantém o nível alto com muito peso, e “Out of Spirits” cativa o ouvinte com facilidade, dada as ótimas melodias presentes. Fechando a primeira metade do álbum, a incrível “As If by Magic”, com um belo trabalho da parte rítmica e um lado atmosférico que lhe cai muito bem.

A segunda metade abre com outra música acima da média, “Full Colour Is the Nights”, com riffs e melodias verdadeiramente grudentas e uma pegada gótica bem forte. “Semigod” mescla muito bem o Gothic e o Black, soando bem sombria e novamente com a parte rítmica se destacando. Já “Ten Miles High” é uma faixa instrumental, mas que impressiona pelas melodias elegantes, com destaque para a maior presença do teclado de Xy. Na sequência final, temos a assombrosa (no bom sentido) “Between Times” e a excelente “Ira Incensus”, com uma aura mística incrível (cortesia dos teclados), melodias obscuras, bons riffs e linhas marcantes de baixo. De bônus, versões ao vivo para “Sorrowfull Farewell” e  “Among Two Storms”.

Como já comentado acima, a produção ficou a cargo de Xy, com a mixagem e masterização realizadas por Siggi Bemm (Moonspell, Lacuna Coil, Samael, The Gathering). Um resultado final excelente, limpo para os padrões da época e que casa perfeitamente com a proposta da banda. A belíssima capa ficou por conta de Carsten Drescher (Paradise Lost, Iced Earth, Epica, After Forever). Apresentando um álbum dinâmico, focado nas belas e sombrias melodias e com grandes riffs, o Rotting Christ assumiu definitivamente seu lado mais Dark Metal com A Dead Poem, mas sem abrir mão de sua identidade. Um clássico dos anos 90 e da discografia dos gregos.

NOTA: 9,0

Rotting Christ (gravação):
- Sakis (Vocal/Guitarra);
- Andreas (Baixo);
- Themis (Bateria).

Músicos Convidados:
- Xy (Teclado);
- Fernando Ribeiro (Vocal em Among Two Storms).

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terça-feira, 6 de março de 2018

The Adicts - And it was So! (2017)


The Adicts - And it was So! (2017)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)


01. Picture The Scene
02. Fucked Up World
03. Talking Shit
04. If You Want It
05. Gospel According To Me
06. Gimme Something To Do
07. Love Sick Baby
08. And It Was So!
09. Deja Vu
10. I Owe You
11. Wanna Be
12. You’ll Be The Death Of Me

E lá se vão mais de 4 décadas desde que o The Adicts surgiu na Inglaterra, no ano de 1975, com seu visual inspirado nos Droogs do clássico Laranja Mecânica. De lá para cá, são 11 álbuns de estúdio (contando com a regravação de Songs of Praise e esse And it was So!), sempre executando o bom e velho Punk Rock, construindo uma carreira sólida e estável, e pasmem, mantendo praticamente intacta sua formação original, algo raro no meio do Rock como um todo. E como não inventam, apostando sempre no certo quando o assunto é música, os fãs já sabem que podem ficar tranquilos com os lançamentos da banda.

Capitaneado por Monkey (Vocal), Pete Dee (Guitarra) e Kid Dee(Bateria), o que temos em mãos é um álbum simples, enérgico, bem variado e totalmente fiel às raízes do The Adicts. Sem exagero, qualquer das 12 canções aqui presentes poderia estar em álbuns como Songs of Praise (81), Sound of Music (82) ou Smart Alex (85). Os vocais de Monkey soam cáusticos, irônicos, exatamente como esperamos, enquanto a guitarra de Pete não só nos entrega bons riffs, como também ótimas melodias, dessas que cativam o ouvinte. Já a bateria de Kid conduz as canções com muita competência.

A abertura se dá com a forte “Picture The Scene”, sendo seguida pela enérgica “Fucked Up World”, direta como deve ser. Na sequência, “Talking Shit” é dessas canções que divertem, enquanto “If You Want It” não só se destaca pelos ótimos riffs, como também por seu refrão. Encerrando a primeira metade, “Gospel According To Me” se destaca não só por sua força, mas também pelo trabalho de bateria, algo que também pode ser observado em “Gimme Something To Do”.


Abrindo a segunda parte do trabalho, temos “Love Sick Baby”, que é a faixa “diferentona” do álbum, com vibe pós-punk e que teria tocado em qualquer rádio nos anos 80. A mesma é seguida por “And It Was So!”, um típico Punk Rock que vai fazer a alegria dos fãs do estilo, pelo rockão “Deja Vu” e por “I Owe You”, um Punk Rock com ótimas melodias e que remete àquela cena que explodiu no final da 1ª metade dos anos 90 nos Estados Unidos, com Green Day e The Offspring. “Wanna Be” é outro Punk Rock totalmente atemporal, enquanto “You’ll Be The Death Of Me” encerra o álbum de forma quase teatral.

A produção, totalmente condizente com a necessidade da banda, ficou por conta de Pete Dee, enquanto a capa mais uma vez segue o padrão apresentado em toda a sua carreira (tipo, é a capa de Songs of Praise, mas em laranja). Um álbum simples, direto, cativante e acima de tudo divertido, desses que passa em um piscar de olhos e que, ao acabar, você trata de colocar para tocar de novo. Precisa de mais do que isso?

NOTA: 8,8

The Adicts é:
Monkey (Vocal);
Pete Dee (Guitarra);
Kid Dee (Bateria).

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segunda-feira, 5 de março de 2018

Enslaved - E (2017)


Enslaved - E (2017)
(Nuclear Blast/Shinigami Records - Nacional)


01. Storm Son
02. The River's Mouth
03. Sacred Horse
04. Axis of the Worlds
05. Feathers of Eolh
06. Hiindsiight
07. Djupet (Bônus Track)   
08. What Else Is There? (Röyksopp cover) (Bônus Track)

Definitivamente, o Enslaved é uma banda única. Você pode argumentar que hoje é comum bandas misturarem Progressivo com Metal Extremo, e provavelmente estará certo nisso, mas a verdade é que nenhuma delas consegue fazer isso como o quinteto norueguês formado por Grutle Kjellson (Vocal/Baixo), Ice Dale (Guitarra), Ivar Bjørnson (Guitarra/Teclado), Cato Bekkevold (Bateria) e Håkon Vinje (Teclado/Vocal Limpo). Sua sonoridade não possui paralelo em nenhum outro nome da cena.

In Times foi um dos melhores álbuns de Metal do ano de 2015, um sucessor digno de obras-primas como Mardraum: Beyond the Within (00), Isa (04), Ruun (06) e RIITIIR (12). Sendo assim, E, 14º álbum de estúdio da banda, era um trabalho esperado com ansiedade pelos fãs. E bem, os mesmos não irão se decepcionar, já que o Enslaved consegue manter o alto nível que vem apresentando nos últimos anos. Épico, intenso e original, o Enslaved abusa da criatividade durante as 8 canções aqui presentes, que totalizam mais de 60 minutos de duração, mas que passam em um piscar de olhos.

O Enslaved é a prova de que você pode usar e abusar de elementos Progressivos e Psicodélicos, sem precisar abrir mão do peso e da ferocidade em sua música. Tudo é muito uniforme e equilibrado, com os vocais alternando do gutural ao limpo de forma muito natural, guitarras que conseguem nos entregar riffs com aquela frieza típica do Black Metal, mas também belas e agradáveis melodias (com destaque para os solos), uma parte rítmica muito variada e técnica, que impõe o peso nos momentos em que o mesmo se faz necessário, e teclados que dão aquele ar Progressivo/Psicodélico, mas sem exageros, surgindo sempre no momento certo.


Aliás, exagero é algo que você não encontra por aqui. Se para muitos, Progressivo é sinal de autoindulgência e de canções intrincadas, para o Enslaved o mesmo significa músicas profundas e de estruturas longas. É ai que está o segredo de sua música. Já na abertura, nos apresentam um retrato perfeito do que encontraremos pela frente, com “Storm Son”: clima épico, belas melodias e peso. “The River's Mouth” possui bons riffs e um ótimo trabalho de bateria, enquanto “Sacred Horse” soa simplesmente hipnótica, com guitarras primorosas, ótimos vocais e momentos que nos fazem lembrar que estamos diante de uma banda de Black Metal. “Axis of the Worlds” mantém a mesma pegada, com riffs pra lá de marcantes e que grudam na cabeça, e “Feathers of Eolh” traz elementos bem legais de Shoegaze, sem abrir mão da intensidade, e com ótimos vocais limpos do novato Håkon Vinje. O lado Prog fica mais do que escancarado na belíssima “Hiindsiight”, que possui peso, ótimas melodias e a participação mais do que especial de Kvitrafn, do Wardruna, e bom uso do saxofone. De bônus, mais duas canções que conseguem manter o alto nível do álbum, “Djupet” e uma versão cheia de personalidade para “What Else Is There?”, do duo de música eletrônica norueguês Röyksopp.

A produção ficou por conta de Ivar e Grutle, com a mixagem feita pelo onisciente, onipotente e onipresente Jens Bogren e a masterização realizada pelo não menos renomado Tony Lindgren. Simplesmente perfeita, deixando tudo claro, limpo e cristalino, permitindo que se escute cada detalhe das músicas. Alguns podem se incomodar com isso, mas é isso que a música do Enslaved pede hoje. Já a capa, como de praxe desde Monumension (01), foi responsabilidade de Truls Espedal. Equilibrando de forma única ferocidade e beleza, e mostrando que sim, dá para ser Progressivo sem deixar de fazer Metal Extremo, os noruegueses emplacam mais um clássico em sua discografia.

NOTA: 9,0

Enslaved é:
- Ivar Bjørnson (Guitarra/Teclado)
- Grutle Kjellson (Vocal/Baixo)
- Ice Dale (Guitarra)
- Cato Bekkevold (Bateria)
- Håkon Vinje (Teclado/Vocal Limpo)

Participações:
- Daniel Måge (Flauta na faixa 5)
- Kjetil Møster (Saxofone na faixa 6)
- Einar Kvitrafn Selvik (Vocal na faixa 6)
- Iver Sandøy (Efeitos e Bateria na faixa 7) 

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domingo, 4 de março de 2018

Melhores álbuns – Fevereiro de 2018


No primeiro domingo de cada mês o A Música Continua a Mesma fará uma lista com os melhores álbuns do mês anterior. Nela, respeitaremos as datas oficiais de cada lançamento, então sendo assim, não contaremos a data que os mesmos vazaram na internet, mas sim quando efetivamente foi ou será lançado.

Sendo assim, ai vão os melhores lançamentos de fevereiro na opinião do A Música Continua a Mesma.

1º. Saxon - Thunderbolt 


2º. Angra - ØMNI 


3º. Fu Manchu - Clone of the Universe
 

4º. W.A.S.P. - ReIdolized (The Soundtrack to the Crimson Idol) 


5º. Desalmado - Save Us From Ourselves


6º. Hutt - Apocalipster
 

7º. Voodoo Circle - Raised on Rock


8º. Kamala - Eyes of Creation


9º. Necrophobic - Mark Of The Necrogram


10º. Bestia - Harvest's End 
 

Menções Honrosas

Crescent - The Order of Amenti


Visigoth - Conqueror's Oath
 

Funeratus - Accept the Death


Frozen Crown - The Fallen King