segunda-feira, 5 de junho de 2017

Deep Purple - inFinite (2017)


Deep Purple - inFinite (2017)
(Shinigami Records/earMusic - Nacional)


01. Time For Bedlam
02. Hip Boots
03. All I Got Is You
04. One Night In Vegas
05. Get Me Outta Here
06. The Surprising
07. Johnny’s Band
08. On Top Of The World
09. Birds Of Prey
10. Roadhouse Blues

São 49 anos de carreira, alguns álbuns considerados como clássicos absolutos do Rock, casos de In Rock (70), Machine Head (72), Burn (74) e aquele que é o melhor trabalho ao vivo de todos os tempos, o magistral Made In Japan (72), apresentações incendiárias e lendárias, além de mais de 120 milhões de álbuns vendidos. Só isso já bastaria para colocar o Deep Purple no panteão dos nomes lendários da música. Mas de nada adiantaria se isso não fosse acompanhado de uma carreira consistente, apesar do hiato de alguns anos entre os anos 70 e 80 e algumas idas e vindas de membros importantes.

Você, fã mais ranzinza e saudoso do auge da banda nos anos 70, com a MK II e a MK III, pode reclamar dos deslizes cometidos em trabalhos como Slaves and Masters (90) e Abandon (98), talvez até mesmo de The House of Blue Light (87). Pode também reclamar da ausência de Blackmore, que se frise, saiu por escolha própria quase 25 anos atrás, ou de terem continuado após o saudoso Jon Lord optar pela aposentadoria em 2002 (algo que o mesmo aprovou, tanto que se apresentava esporadicamente com a banda em ocasiões especiais). Mas nesses casos, sinto lhe informar, isso faz de você apenas isso, um fã ranzinza e que provavelmente, pelo seu xiismo, perdeu muita coisa legal nos últimos 20 anos.

Sim, isso mesmo, porque é indiscutível que mesmo não repetindo a genialidade de décadas atrás, lançaram alguns trabalhos dignos de aplausos nesse período, como os ótimos Purpendicular (96), Rapture of the Deep (05) e Now What! (13). Fora isso, Steve Morse, prestes a completar 25 anos de Purple e Don Airey, já com 15, caíram como uma luva nessa que é a formação mais duradoura da história dos ingleses. E qualquer dúvida com relação a isso é vaporizada pela brilhante atuação de ambos em inFinite, o 20º trabalho de estúdio da banda, que apesar de não afirmarem e tampouco negarem, pode vir a ser o seu último.

Provavelmente esse é o trabalho mais “vintage” do Purple desde o seu retorno nos anos 80, já que aquele clima setentista permeia todo o trabalho durante seus 45 minutos de duração. Ok, Ian Gillan não alcança mais notas tão altas, mas compensa isso cantando de forma bem mais variada. E convenhamos, estamos falando de um senhor de 71 anos de idade que, ainda assim, coloca 90% dos vocalistas da cena atual no bolso. A dupla formada por Steve Morse e Don Airey é talvez a principal responsável por esse clima citado e, sem exagero, são os dois grandes destaques aqui. E o que dizer de Roger Glover e Ian Paice? Soam simplesmente impecáveis, principalmente Paice, que imprime muito peso e variedade. Muito moleque de 20 anos que se acha por aí não consegue chegar sequer aos pés do desempenho dele aqui.


“Time for Bedlam” abre o álbum e é uma típica canção do Purple, com aquele clima setentista e um brilho especial para Morse e Airey. “Hip Boots” tem ótimo groove e uma pegada mais blues, sendo muito agradável de se escutar, enquanto “All I Got Is You” é possivelmente uma das melhores canções da banda desde os anos 80. Ótimo desempenho do trio Gillan/Morse/Airey e uma melancolia que dá um toque diferenciado à mesma. “One Night In Vegas” e “Get Me Outta Here” conseguem manter o bom nível, graças às ótimas melodias e a cativante “The Surprising” surpreende com uma pegada mais progressiva a partir de sua metade. As influências de blues dão as caras na direta “Johnny’s Band” (outra onde Morse e Airey brilham) e na boa “On Top Of The World”, com seu ótimo riff. Se encaminhando para o final, temos “Birds Of Prey”, facilmente a mais pesada do álbum, com aquele clima de Deep Purple antigo e um solo primoroso de Morse. Encerrando, uma ótima versão para “Roadhouse Blues”, do The Doors, que ouso dizer, supera a original em qualidade.

Toda a produção, assim como em Now What!, voltou a ficar nas mãos do experiente Bob Ezrin (Alice Cooper, Kiss, Pink Floyd, Aerosmith, Nine Inch Nails, Lou Reed, Peter Gabriel, dentre muitos outros), não sendo menos do que primorosa. Já a belíssima parte gráfica foi obra do Büro Dirk Rudolph (Apocalyptica, Iced Earth, Kreator, Paradise Lost, Tarja, Scorpions). inFinite pode não possuir a genialidade de um In Rock ou de um Machine Head, mas é um trabalho que agrada, cativa o ouvinte e mostra uma banda se divertindo fazendo o que mais gosta, ou seja, boa música.

NOTA: 8,5

Deep Purple é:
- Ian Gillan (vocal);
- Steve Morse (guitarra);
- Roger Glover (baixo);
- Ian Paice (bateria);
- Don Airey (teclado).

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