quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Roadie Metal Vol.8 (2016) (Coletânea)

Roadie Metal Vol.8 (2016) (Coletânea)
(Independente - Nacional)


CD 01
01. Claustrofobia - Metal Maloka
02. Torture Squad - Return of Evil
03. Necrofobia - Membership
04. Death Chaos - From the Dead They Will Rise
05. Jailor - Stats of Tragedy
06. Hunger - Demons in White
07. Stoned Bulls - Good for Shit
08. Burnkill - Guerra e Destruição
09. Terrorsphere - Assassinos
10. Crookhead - Via Crucis
11. Fallen Idol - The Boy and The Sea
12. Tormentor Bestial - Demon of Pervertion
13. Dying Suffocation - Deathbed
14. Voiden - Antares
15. Quintessente - Towards Eternity
16. Haumette - Changed Heart

CD 02
01. Black Triad - R.I.P
02. Apple Sin - Roadie Metal
03. Rising - Road of Metal
04. Brutallian - Blow on the Eye
05. Heaven's Guardian - Dream
06. Super Over - Esquema
07. Darkship - Prison of Dreams
08. Soledad - Giant
09. Moby Jam - Homem de Gelo
10. Sickymind - Question of Honor
11. Oni - Pedaços
12. Ariel/Kaliban - À Morte
13. Blancato - Laís
14. Neogenese - Ocenas of Time
15. High Moonlight - Inovaya
16. Brvto Amor - Vida
17. The Walkins - O Sinal

Elogiar a iniciativa das coletâneas da Roadie Metal é chover no molhado. Através delas, centenas de bandas já tiveram a oportunidade de mostrar seu trabalho para um público que, em condições normais, não teriam a oportunidade de alcançar. Distribuída gratuitamente, é um veículo muito importante para as bandas que participam da mesma. Mas bem, vamos ao que interessa. Resenhar uma coletânea não é das tarefas mais fáceis, já que inevitavelmente teremos grandes variações entre os nomes presentes, seja em matéria de estilos, em qualidade de produção (o mais provável, já que cada um é responsável pelo material enviado) ou mesmo musical, pois algumas bandas vão estar mais maturadas que outras. No caso aqui, procurou-se sanar um desses problemas, já que o primeiro CD pende para vertentes mais extremas, enquanto o segundo segue para um lado mais melódico. Quanto aos outros “problemas” citados, já fica mais complicado resolver.

O primeiro CD já começa matador, com os mais que conhecidos Claustrofobia (com “Metal Maloka”) e Torture Squad (“Return of Evil”). Simplesmente dispensam qualquer tipo de comentário, pois fazem parte da elite do Metal nacional há décadas. Em um segundo grupo, destaco algumas banda com material já lançado e que mostram total maturidade musical. Aqui entram o Death Chaos (resenha aqui), que arrebenta tudo com seu Death Metal brutal e de ótimas melodias (que vai agradar em cheio fãs de Amon Amarth), o Jailor (resenha aqui), com seu Thrash furioso e enérgico, de pegada germânica, o Fallen Idol (resenha aqui), com seu Heavy/Doom feito sobre medida para fãs de Candlemass e o Dying Suffocation (resenha aqui), com seu Death/Doom fúnebre e soturno (ficou devendo um pouco na produção). Esses nomes já são uma realidade do nosso cenário. No terceiro grupo, temos grandes promessas, que mostram um potencial latente e estão a meu ver, mais que prontas. Aqui entram o Necrofobia, com seu Thrash agressivo e grooveado, o Stoned Bulls, com seu Groove Metal feito sobre medida para fãs de Pantera e afins, o Burnkill (resenha aqui), que aposta em um Thrash/Death Old School, o Crookhead, que apresenta um Death/Thrash variado, pesado e com boas melodias e o Voiden, com um Thrash/Black/Death simplesmente matador e que vai fazer a alegria dos bangers das antigas. No quarto grupo incluo bandas que também mostram bastante potencial, mas se mostram um pouco menos maduras ou acabaram muito prejudicadas pela produção. Nesse incluo o Hunger, que mostra um bom Groove Metal, o Tormentor Bestial, com um Heavy/Thrash muito bem feito, ambos indo no caminho certo e praticamente prontos para dar um salto de qualidade, o Death Metal veloz do Terrorsphere (se melhorar a produção, vai longe), o Quintessente, com um ótimo Gothic/Death e que poderia estar no grupo citado acima, mas tem seu trabalho prejudicado em muito pela produção e o Haumette, com um Black Metal de qualidade, mas uma produção que atrapalha demais o resultado final. Para mim, melhorando esse quesito, podem entrar com os dois pés no primeiro time do Black nacional.


O segundo CD, como dito, tem uma pegada mais melódica. No grupo dos destaques incontestáveis, incluo o Black Triad (resenha aqui), com seu Heavy/Rock “motörheadiano” cheio de energia, o Heavy Tradicional dos mineiros da Apple Sin (resenha aqui), muito bem trabalhado e que vai te fazer bater cabeça, o Brutallian (resenha aqui), com seu Heavy/Thrash moderno e vigoroso, o “veterano” Heaven’s Guardian, que mescla muito bem vocais masculinos e femininos no seu Heavy Tradicional e o Metal Sinfônico variado do Darkship (resenha aqui), onde se destacam a dupla de vocalistas, Joel Milani e Sílvia Cristina Schneider Knob, e o Rock basicão do Moby Jam (resenha aqui). No grupo das bandas que mostram muito potencial cito o Rising, com um Metal Tradicional classudo e de ótimas melodias, o rockão pesado com letra em português do Super Over, o Heavy bem trabalhado e cadenciado do Soledad, o Oni e seu Rock pesado e sujo (também cantado em português) e o Blancato, outra a se enveredar pelos lados do Rock, com ótima interpretação vocal, mas que poderia ser um pouco melhor produzido. Já na turma das bandas que precisam apenas de um pouco mais de amadurecimento ou de ajustes na produção (principalmente isso), temos o Sickymind, com seu Heavy bem variado e que está no caminho certo, o Ariel/Kaliban, que aposta suas fichas em um Metal cantado em português que pode remeter às bandas nacionais dos anos 80, mas pecando pela produção, o Neogenese com seu Heavy/Thrash, o High Moonlight, com um climão setentista que tem seu bom potencial jogado ralo abaixo devido à produção, o Brvto Amor, com uma mescla de Rock e Hard bem acessível e interessante, mas que (sim, sei que já está ficando chato, fazer o quê) falha miseravelmente no quesito produção, que também é o calcanhar de aquiles do The Walkins, outro nome que se envereda pelos caminhos do Rock cantado em português.

Fica um conselho aqui a algumas bandas presentes nesse volume, algo que vivo falando em minhas resenhas. Hoje vivemos uma realidade onde o acesso a novos artistas está a apenas um clique, mas ao mesmo tempo, a falta de tempo faz com que as pessoas descartem muitos nomes em questão de minutos, às vezes segundos, se esses não conseguem prender a atenção das mesmas. Em um cenário que tem primado por um aumento de produções com alto nível, vale muito mais ralar, juntar um dinheiro e mesmo que demore algum tempo, apostar em uma produção de melhor qualidade, do que simplesmente lançar algo produzido “nas coxas”, apenas por fazer. Acham mesmo que alguém, tirando os amigos mais próximos, se dará o trabalho de escutar algo mal produzido até o final, com tanta facilidade de acesso a canções de igual qualidade com produções mais profissionais? Se realmente acreditam nisso, precisam rever seus conceitos, pois eu, em mais de uma ocasião aqui, só escutei as faixas até o final (e o fiz por semanas) porque é minha obrigação, para assim detectar as qualidades de cada uma. Mas se eu fosse um ouvinte comum, com toda sinceridade, em muitas eu não teria sequer chegado ao final do primeiro minuto. Ou se tornam profissionais em todos os níveis, ou ficarão pelo caminho, desperdiçando um grande potencial.

Como sempre, a apresentação é caprichada, com direito a uma belíssima capa feita por Marcelo Nespoli. De resto, só cabe elogiar a iniciativa de Gleison Junior, um dos caras que mais batalha pelo Metal no Brasil nos dias de hoje e deixar claro, que obstante as resalvas feitas no texto acima, todas as bandas participantes possuem suas qualidades, bastando a algumas apenas um pouco mais de rodagem em shows (nada melhor que isso para uma banda amadurecer) ou um capricho maior no quesito produção. E para escutar o programa ao vivo, basta acessar www.canalfelicidade.com as quartas, das 20:30 as 23:00 e aos sábados, das 14:40 as 16:15. Vale a pena!

NOTA: 8,0

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Blues Pills - Lady in Gold (2016)


Blues Pills - Lady in Gold (2016)
(Voice Music/Nuclear Blast Brasil)


01. Lady in Gold
02. Little Boy Preacher
03. Burned Out
04. I Felt a Change
05. Gone so Long
06. Bad Talkers
07. You Gotta Try
08. Won't Go Back
09. Rejection
10. Elements and Things

De toda essa leva de bandas calcadas nos anos 60 e 70, afirmar que o Blues Pills disputa o título de melhor banda de sua geração com o Rival Sons não soa exagerado. Nos últimos anos, o quarteto formado por Elin Larsson (vocal), Dorian Sorriaux (guitarra), Zack Anderson (baixo) e pelo estreante André Kvarnström (bateria) enfileiraram uma série de ótimos trabalhos, que deixaram todos de queixo caído. Mas após o ótimo trabalho de estreia, existia a inevitável pressão para um segundo trabalho no mesmo nível. E bem, com Lady in Gold o quarteto pulverizou qualquer dúvida que ainda poderia existir sobre sua qualidade.

Se você, como eu, esperava um álbum que seguisse pelos mesmos caminhos do trabalho de estréia, uma escolha mais que óbvia, vai definitivamente se surpreender com Lady in Gold. O Blues Pills resolveu ousar, recusando-se a simplesmente repetir o que havia feito 2 anos atrás. Claro, aquela sonoridade repleta de elementos que remetem aos anos 70 se faz mais que presente, mas fica evidente um apelo maior para o Gospel e o Soul durante toda a audição do álbum. O fato do Hammond se mostrar bem mais presente ajudou a aumentar a profundidade das composições e reforçar o lado mais psicodélico de algumas canções, tarefa essa ajudada pela guitarra. Ainda sim, vale dizer, estamos diante de um álbum de Rock em toda a sua essência.


Mas sem sombra alguma de dúvida, o ponto central da música do Blues Pills é a espetacular Elin Larsson. “Deusdocéujesuscristinho”, como canta essa moça! Como li uma vez, sua voz se mostra uma mescla de Janis Joplin, Grace Slick e Aretha Franklin, e me recuso a dizer algo que contrarie isso. E por incrível que pareça, ela consegue cantar ainda melhor do que já havia feito no debut, talvez por dar mais espaço às suas influências de Soul e Funk, algo que achei muito legal. Mas mesmo com seu protagonismo, é injusto não citar aqui o trabalho de Dorian Sorriaux. Para mim, o cara é o melhor guitarrista de sua geração, pois sua capacidade de criar riffs e melodias que grudam na cabeça é algo fora do comum. Seu feeling é único e nem mesmo Scott Holiday (Rival Sons) consegue se igualar a ele nesse sentido.

Os destaques aqui são muitos, e Lady in Gold é desses trabalhos que, sem exagero, estão predestinados a ganhar o selo de clássico. A abertura, com a enérgica faixa título, já te impressiona de cara. A guitarra de Sorriaux da um clima psicodélico à canção, enquanto os teclados servem de fundo para um belíssimo desempenho de Elin. “Little Boy Preacher” tem seus dois pés bem fincados nos anos 60, enquanto “Burned Out” irá inevitavelmente te remeter a Jefferson Airplane. Aqui, o grande destaque realmente vai para Dorian. Já faixas como “I Felt a Change” (onde Larsson é acompanhada apenas por um piano) e “Gone so Long” dão mais espaço para o Soul, com inevitável destaque para a voz de Elin. “Bad Talkers” te traz à mente o Big Brother and the Holding Company e a espetacular “You Gotta Try” vai te remeter à Janis Joplin. Os vocais mais uma vez são destaque e na última, Sorriaux brilha com um riff daqueles que gruda da cabeça e demora semanas para sair. E para não dizer que não falei da parte rítmica, Zack e André são os grandes destaques da faixa que encerra o álbum, “Elements and Things”.

A produção beira a perfeição e assim como no debut, ficou a cargo de Don Alsterberg. Não tem o que se criticar nesse ponto. A capa também é uma das mais belas de 2016 e casa perfeitamente com o conteúdo do álbum. Mantendo aquele climão vintage, mas ousando sair da zona de conforto, o Blues Pills nos entregou um forte candidato a melhor álbum de 2016. E aos interessados, a Voice lançou o trabalho em no Brasil em versão digipack duplo, limitado e numerado à mão, contendo o CD e um show em DVD, além da versão simples do mesmo. Simplesmente imperdível!

NOTA: 9,5

Blues Pills é:
- Elin Larsson (vocal);
- Dorian Sorriaux (guitarra);
- Zack Anderson (baixo);
- André Kvarnström (bateria).

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segunda-feira, 28 de novembro de 2016

SIOD - esSIODio (2016)


SIOD - esSIODio (2016)
(Independente - Nacional)


01. Maldade
02. Traumatismo Moral
03. esSIODio
04. Paranóia
05. Buraco da Fé
06. Coragem Amigo
07. Não Tira Não
08. Cercado de Vermes

"Os poetas malditos do ódio" - é dessa forma que o release enviado para a imprensa define o SIOD, trio surgido no ano de 2013 e oriundo de Avaré/SP. O próprio nome da banda é derivado de “esse ódio” e definem seu estilo como Hate Metal. E sinceramente, após ouvir seu debut, fica difícil não concordar com a afirmação inicial, já que as letras versam justamente sobre tal sentimento, o ódio. Mas o melhor de tudo é que a temática lírica reflete também na parte musical.

Em matéria de sonoridade, é muito difícil rotular a música executada pelo SIOD. Poderíamos chamar o que aqui escutamos de Crossover, mas, ao mesmo tempo, seu som não se enquadra no que normalmente imaginamos para o estilo. Só é possível enquadrá-la dessa forma porque são mais do que perceptíveis os elementos de Stoner, Groove, do Hardcore e Punk em suas canções. O resultado disso é um trabalho muito diversificado, pesado e obviamente, agressivo. A energia que emana de cada uma das 8 faixas aqui presentes realmente impressiona.


Umberto Buldrini (vocal/guitarra), Fabiano Gil (baixo) e André Silva (bateria) não inventam e procuram fazer sua música do jeito mais direto, simples e pesado possível. Exemplos disso se fazem presentes em faixas como “Traumatismo Moral”, com uma pegada mais Stoner, pesada e com ótimos vocais de Umberto, “esSIODio”, com ótimos riffs e uma bateria destruidora, “Buraco da Fé”, mais puxada para o Groove, com ótimas melodias e letra muito forte, características também presentes em “Coragem Amigo”.

A gravação, produção, masterização e mixagem ficaram a cargo de Umberto e Fabiano. Produtores experientes que são, conseguiram deixar a sujeira, crueza e agressividade necessárias à música do SIOD, mas sem abrir mão da clareza dos instrumentos. Casou perfeitamente com a sonoridade. Já a capa e o trabalho gráfico foram obra de Vinícius Quesada, com todo material embalado em um digipack simples, mas caprichado.

Com uma sonoridade difícil de rotular, mas bruta, pesada e transbordando ódio por todos os poros, o SIOD estreia com o pé direito, apresentando um debut que tem tudo para agradar os apreciadores de boa música. E na falta de palavras melhores, encerro a resenha da mesma forma que o release da banda. “Ame-os ou odeie-os, os poetas malditos vieram para ficar!”.

NOTA: 8,0

SIOD é:
- Umberto Buldrini (vocal/guitarra)
- Fabiano Gil (baixo)
- André Silva (bateria)

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terça-feira, 22 de novembro de 2016

Louder - Take One (2016) (EP)


Louder - Take One (2016) (EP)
(Independente - Nacional)


01. Last Memory
02. Temple of Desire
03. Copper's Synapse
04. No More
05. Blind Faith (Part I)

Até há alguns anos atrás, o Hard Rock, principalmente aquele de pegada mais oitentista, era meio que deixado de lado pelas bandas nacionais que surgiam pelo país afora. Raros eram os nomes que apostavam no mesmo. Mas, felizmente, nos últimos anos temos observado um revival do estilo, com diversas ótimas bandas surgindo. O Louder, oriundo de Veranópolis/RS, é uma dessas e chega aqui com seu EP de estreia, Take One.

A base do seu som é aquele Hard/Glam que se fez muito popular nos anos 80, mas que recebe influências aqui e ali de Classic Rock e Heavy Metal. O quinteto formado por Kid Sangali (vocal), Gio Attolini (guitarra), Maurício Barbieri (guitarra), Ricardo Ledur Gottardo (baixo) e Felipe Saretta (bateria) mostra muita competência na mescla desses estilos, forjando uma sonoridade empolgante, pesada, mas com ótimas melodias e boa acessibilidade (sem exageros, contudo).  O vocal tem um timbre bem agradável e não comete exageros e os backings são muito bem-feitos. Já a dupla de guitarristas executa um trabalho para lá de competente, com bons riffs e solos, enquanto a parte rítmica mostra bastante coesão e boa técnica.


A abertura, com “Last Memory”, empolga demais, transbordando muita energia. Kid se sai muito bem na parte vocal e o refrão é daqueles que te pega de primeira e você já sai cantando de cara. Na sequência, temos a pesada e cadenciada “Temple of Desire”, um ótimo Hard/Heavy, com destaque para a parte rítmica, com Ricardo e Felipe. “Copper's Synapse” pende mais para o Classic Rock e o ótimo refrão me remeteu diretamente ao KISS setentista. As guitarras de Gio e Maurício executam muito bom trabalho, com riffs marcantes e boas melodias. Já o encerramento se dá com as faixas “No More”, bem pegajosa e que te leva de volta aos anos 80, e a pesada e melancólica “Blind Faith (Part I)”.

A produção ficou a cargo do baixista Ricardo Ledur Gottardo e de Maninho, sendo esse também responsável pela mixagem e masterização do EP. Não compromete, tendo ficado dentro da média, mas achei a mesma um pouco crua além da necessidade. Por sinal, isso é algo que tenho notado na maioria das produções de bandas de Hard nacionais. Todas pecam pela crueza em excesso, o que me parece ser mais uma tendência do que qualquer outra coisa. Ainda assim, a sonoridade é boa, os instrumentos estão muito bem timbrados e muito claros. Já a parte de design do EP ficou por conta do guitarrista Maurício Barbieri e é muito bem-feita, mostrando a preocupação da banda em apresentar um bom material.

Mostrando muito potencial, equilíbrio, coesão e uma capacidade ímpar de forjar boas melodias e refrões, o Louder mostra que a cena gaúcha vai muito além das ótimas bandas de vertentes mais extremas. Se sua praia é o Hard/Glam, está aqui uma banda a ser observada muito de perto. Ah, e o EP está disponível para audição no Soundcloud da banda, onde você também pode escutar uma versão muito legal para “Man On The Silver Mountain” do Rainbow.

NOTA: 8,0

Louder é:
- Kid Sangali (vocal);
- Gio Attolini (guitarra);
- Maurício Barbieri (guitarra);
- Ricardo Ledur Gottardo (baixo);
- Felipe Saretta (bateria).

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sexta-feira, 18 de novembro de 2016

Perc3ption - Once And For All (2016)


Perc3ption - Once And For All (2016)
(Shinigami Records - Nacional)


01. Persistence Makes The Difference
02. Oblivion's Gate
03. Rise
04. Immortality
05. Braving The Beast
06. Magnitude 666
- The Apocalypse Trilogy -
07. Welcome to The End
08. Extinction Level Event
09. Through The Invisible Horizons

Uma vez, o filósofo pré-socrático grego Heráclito de Éfeso afirmou que um homem nunca entrava duas vezes no mesmo rio, pelo simples fato de que na vez seguinte, nem o homem e nem o rio seriam mais os mesmos da vez anterior. Em resumo, da sua forma, afirmou que tudo na vida está em constante mudança. E convenhamos, evoluir como pessoa é algo muito importante.

Mas no meio do Rock/Metal a ideia de evolução costuma causar grandes arrepios nos fãs, já que na maioria das vezes o termo é utilizado para justificar mudanças drásticas de sonoridade, quase sempre erráticas. Mas existem aqueles casos em que o resultado é extremamente positivo, com a banda conseguindo dar um passo além em sua sonoridade. Esse é caso do Perc3ption, um dos principais nomes do Power/Prog Metal nacional e que já havia se destacado com um dos melhores trabalhos de estreia do estilo no Brasil, Reason and Faith, no ano de 2013.

O que ouvimos em Once And For All é uma banda que amadureceu demais nos últimos 3 anos, soando mais pesada, agressiva e diversificada do que no debut, mas sem abrir mão em momento algum da ótima técnica e das melodias que caracterizam seu som. A entrada do vocalista Dan Figueiredo ajudou demais nesse resultado, já que o mesmo mostra uma variedade muito maior do que seus antecessores no quesito vocal, abrindo assim um leque maior de opções para a música do grupo. Nada contra os vocalistas anteriores da banda, Luiz Poleto e Raphael Dantas, mas dificilmente esse álbum seria tão bom sem Dan.


A diversidade na parte vocal é um dos pontos altos, não só pela já citada qualidade de Dan, como também pelas participações especiais. Aqui ele conta com os apoios de Mariliane Brizzotti (em “Oblivion's Gate”, “Rise”, “Braving The Beast” e “Through The Invisible Horizons”), Rodrigo Ninrod (“Immortality”, “Magnitude 666”, “Persistence Makes The Difference”, “Braving The Beast” e “Through The Invisible Horizons”) e Rômulo Dias (“Persistence Makes The Difference”), o que dá uma riqueza nesse campo que inexistia em Reason and Faith. Mas seria injusto não citar os demais músicos do Perc3ption. Glauco Barros e Rick Leite estão afiadíssimos nas guitarras, despejando excelentes riffs e solos, além de soarem bem agressivos. Já a parte rítmica, com o baixista Wellington Consoli e o baterista Peferson Mendes, beiram a perfeição, tamanha a técnica e diversidade mostradas nas 9 canções aqui presentes. Glauco também foi o responsável pelos teclados, exceto em “Rise” e “Welcome to The End” (onde foram feitos por Edu Falaschi) e também pelos arranjos orquestrais. Saiu-se muitíssimo bem, já que em ambos os casos, não soa exagerado em momento algum, com as linhas de teclado e orquestrais surgindo muito bem e agregando em muito às músicas.

Nenhuma canção aqui soa fora do lugar e todas possuem muita qualidade, mas a sequência final, intitulada The Apocalypse Trilogy, soa realmente matadora. “Welcome to The End” dá o toque de acessibilidade necessário ao álbum, com suas ótimas melodias, enquanto “Extinction Level Event” tem um pé no Thrash, dado o peso e a agressividade das guitarras e vocais. Já “Through The Invisible Horizons” encerra magistralmente o trabalho, mesclando muito bem agressividade e melodia e deixando bem evidenciado o lado Prog do Perc3ption. Cabe também destacar a moderna “Immortality” e a diversificada “Oblivion's Gate”, onde o lado melódico acaba falando mais alto.

Gravado no Perc3ption Studios/SP, Once And For All recebeu pré-produção de Edu Falaschi, com produção de Glauco Barros, que também foi o responsável pela masterização e mixagem ao lado de Rodrigo Ninrod. O resultado final não fica devendo nada a grandes produções vindas do exterior, mostrando o alto nível do trabalho que vem sendo feito no Brasil. O trabalho gráfico também é belíssimo, um dos mais bonitos que vi esse ano, com concepção idealizada pela banda e execução por parte do baixista Wellington Consoli.

Sem exagero, esse certamente é um dos melhores trabalhos de Power/Prog já lançados no Brasil. Pesado, agressivo, técnico, diversificado mas sem abrir mão em momento algum das ótimas melodias, Once And For All é uma aquisição obrigatória para os amantes do estilo e de nomes como Evergrey, Kamelot, Threshold ou Pain Of Salvation. Um dos melhores álbuns nacionais de 2016!

NOTA: 9,0

Perc3ption é:
- Dan Figueiredo (vocal);
- Rick Leite (guitarra);
- Glauco Barros (guitarra);
- Wellington Consoli (baixo); 
- Peferson Mendes (bateria).

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quarta-feira, 16 de novembro de 2016

As Dramatic Homage - Enlighten (2016) (EP)


As Dramatic Homage - Enlighten (2016) (EP)
(Independente - Nacional)


01. Advert
02. Astral Infernal
03. Praxis
04. Enlighten
05. Full Moon Madness (Moonspell Cover)

Surgido no ano de 1999, o As Dramatic Homage é um dos nomes mais tradicionais do cenário do Rio de Janeiro, já tendo nesse tempo lançado duas demos, A Deep Inner Recital (01) e Atmosphere of Pain/Anthemns of Hate (05), um websingle, Ominous force for Ascension (10) e um Full Lenght, Crown (12), além de ter participado do tributo aos portugueses do Moonspell, Em Nome do Medo, em 2014. Agora, procurando manter seu nome em evidência enquanto trabalham em seu segundo trabalho de estúdio, soltaram esse EP, Enlighten, que conta com material inédito, uma regravação e o cover do Moonspell.

Quem conhece o trabalho do As Dramatic Homage, sabe que sua sonoridade é muito abrangente, abarcando estilos como Black, Death, Doom e Progressivo, os aproximando daquilo que se convencionou chamar de Avantgarde-metal. Sendo assim, caso esteja no time dos que nunca tiveram contato com a música da banda, saiba que primam pela liberdade criativa, não fazendo parte da proposta se prender a esse ou aquele estilo.

Após uma breve introdução, com a climática “Advert”, temos “Astral Infernal”, faixa que foge um pouco das características da banda, já que originalmente estava presente na demo de 2005. Apesar de mais agressiva e menos melodiosa, conseguiram imprimir muito da sonoridade atual nela, mas sem perder seu clima original. A faixa seguinte, “Praxis”, soa bem introspectiva, com boas melodias, além de guitarras e vocais limpos. “Enlighten” vem em seguida, sendo o grande destaque do trabalho. Aqui conseguem unir com muita qualidade agressividade e melodia. Os vocais de Alexandre Pontes são versáteis, indo de tons mais melódicos aos mais extremos com muita facilidade. As guitarras também executam um ótimo trabalho e a parte rítmica se mostra muito coesa. Por fim, os teclados são muito bem encaixados e surgem sem qualquer exagero. Encerrando, temos o cover para “Full Moon Madness”, do Moonspell, onde conseguem manter o clima da original.


A produção, masterização e mixagem ficaram a cargo da própria banda, tendo sido realizados no Hcs Studio/RJ. Ficou dentro da média do que observamos nas produções nacionais atuais, com instrumentos bem timbrados e totalmente audíveis. A arte da capa, muito bonita, consegue traduzir todo o conceito por trás do trabalho.

Mostrando grande variação musical e evolução em relação ao seu debut, o As Dramatic Homage tem tudo para agradar aos fãs de nomes como Arcturus, Ulver e afins, estando no primeiro time do Avantgarde nacional. Agora é esperar pelo segundo álbum e torcer para que não demore muito, pois pelo que escutamos aqui, ele promete.

NOTA: 8,0

As Dramatic Homage é:
- Alexandre Pontes (vocal/guitarra/programação);
- Alexandre Carreiro (guitarra)
- Leonardo Silva (teclado)
- Vinicius Rodrigues (bateria)

Gravação:
- Fabiano Medeiros (baixo)

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domingo, 13 de novembro de 2016

Metallica – Hardwired... to Self-Destruct (2016)


Metallica – Hardwired... to Self-Destruct (2016)
(Universal Music – Nacional)


CD 01
01. Hardwired
02. Atlas, Rise!
03. Now That We're Dead
04. Moth into Flame
05. Dream No More
06. Halo on Fire

CD 02
01. Confusion   
02. ManUNkind
03. Here Comes Revenge   
04. Am I Savage?   
05. Murder One
06. Spit Out the Bone

Você pode até discutir se o Metallica é ou não a maior banda da história do Heavy Metal, mas que definitivamente é a mais popular não está em discussão. São mais de 100 milhões de álbuns vendidos na carreira, o que os coloca entre os 40 artistas que mais venderam independentemente de estilo. Só o “Black Album” (91), que os alavancou de vez ao estrelato, vendeu algo entre 30 e 40 milhões de cópias desde seu lançamento. E bem, como qualquer nome que alcança tal status, os americanos hoje em dia despertam reações de amor e ódio entre seus fãs.

Tais reações são compreensíveis. Para um fã do Metallica que começou a escutar a banda com Kill ‘Em All (83), com seu Thrash básico e primal, não foi nada fácil ver a mesma cedendo às tentações do mainstream e abrindo espaço para um som mais melódico com Metallica (91) e mais ainda para a radical e contestada mudança de visual com a dobradinha Load (96)/Reload (97). Que me desculpem os que apreciam tais trabalhos, mas também não deve ter sido fácil ver a banda lançando logo em sequência um álbum abominável de tão ruim como St.Anger (03) e um documentário discutível como Some Kind of Monster (04). Ainda assim, mesmo o fã mais “das antigas”, lançamento após lançamento, continua nutrindo a esperança de um retorno aos velhos tempos.

Em Death Magnetic (08), o produtor Rick Rubin conseguiu, à sua maneira, empurrar a banda para um resgate de suas raízes Thrash, a aproximando mais de seu passado e agradando uma parte considerável dos fãs que desconsideravam o Metallica há algum tempo. Por sinal, Rick seria o produtor original de Hardwired... to Self-Destruct (inclusive com a banda e ele trabalhando em estúdio na composição de algum material nos anos que antecederam ao trabalho) e com Lars afirmando em 2013, para a Classic Rock, que o novo álbum soaria como uma continuação de DM. No final, a produção acabou ficando a cargo de Greg Fidelman, que havia realizado a gravação e mixagem deste.


Levando em conta todo esse panorama, somado também às faixas liberadas pelo Metallica antes do lançamento oficial, muitos se encheram de esperança de finalmente vermos em ação aquela banda que impressionou o mundo entre 1983 e 1988, com quatro dos trabalhos mais clássicos da história do Metal. Por bem, amigos, posso dizer que de certa forma tudo não passou de uma “Pegadinha do Mallandro”. Mas antes que você, caro “torcedor” do Metallica, comece a desferir impropérios contra minha pessoa, não estou dizendo de forma alguma que o material aqui não possui qualidade. O que quero falar é que, de forma alguma, estamos diante de um álbum de Thrash Metal. O que temos aqui é um material pesado, mas que privilegia muito a cadência em primeiro lugar, deixando a velocidade em segundo plano. Já em matéria de sonoridade, na maior parte do tempo Hardwired... to Self-Destruct remete àquele Metal mais melódico que a banda praticou nos anos 90, mas com uma influência maior de NWOBHM e uma pitada de Thrash que dá aquela dose maior de agressividade às canções. Ainda assim, esse é um trabalho um pouco inconstante, com momentos extremamente empolgantes, outros bons e alguns onde a banda se enfia em uma zona de conforto desnecessária e que acabam soando um pouco cansativos devido ao conservadorismo exacerbado.

São 12 músicas divididas em 2 cd’s e que beiram os 80 minutos de duração. Já na abertura do primeiro, temos um dos grandes momentos, com a conhecida “Hardwired”. Confesso que quando tive o primeiro contato com a mesma, semanas atrás, a considerei um pouco forçada e não havia me empolgado tanto, mas agora, dentro do contexto do álbum, me soou absurdamente empolgante. Veloz e agressiva, coloca um pé no passado remoto da banda, além de contar com um trabalho de guitarra muito bom. É também a canção mais curta de Hardwired... to Self-Destruct, passando por pouco dos 3 minutos de duração (as demais estão todas entre os 6 e 8 minutos, com pequenas variações). Simplesmente curta e grossa, um Thrash básico como havia muito tempo que não faziam. Em seguida, outra conhecida que agrada muito, “Atlas, Rise”. Mais cadenciada que a antecessora, tem riffs melódicos, um refrão que empolga e não nega as influências de NWOBHM. Preste atenção e vai escutar algo de Iron Maiden na mesma. Lembram quando falei a respeito desse ser um trabalho que remete mais à fase anos 90 do Metallica? Pois bem, “Now That We're Dead” é uma dessas canções que poderia estar em Load, por exemplo. Sua cadência reflete bem o que escutamos na maior parte do tempo e Lars, vejam só, consegue fazer um trabalho bem interessante na bateria. Entra no grupo das boas canções. “Moth into Flame” é outra das que haviam sido mostradas ao publico antecipadamente e era justamente a que mais tinha me agradado. Mais veloz que a maioria das músicas aqui presentes, é também a mais melódica de todas, primando pelos ótimos riffs e pelo refrão que empolga. Na sequência, temos a boa “Dream No More”, muito cadenciada, pesada e que pode ser considerada a “Sad But True” do álbum. Encerrando o primeiro cd, temos “Halo on Fire”, a maior das músicas aqui presentes. É daquelas canções do Metallica que vão crescendo de forma gradual até chegar em um final grandioso. Bons solos de Kirk e é o primeiro momento onde realmente escutamos o baixo de Trujillo fazer algo que se destaque, mas pode cansar alguns ouvintes enquanto não chega a seu melhor momento.


Vamos agora ao elo fraco de Hardwired... to Self-Destruct, que é o segundo cd. É aqui o momento onde a banda, como uma avestruz, enfia a cabeça no buraco da zona de conforto com vontade. As duas primeiras canções, as cadenciadas “Confusion” e “ManUNkind”, até possuem alguns momentos dignos aqui e ali, mas pecam pela duração que bate na casa dos 7 minutos. Se fossem um pouco mais curtas, soariam muito mais interessantes. A canção seguinte, “Here Comes Revenge”, até eleva novamente o nível, já que se trata de uma música bem sólida, com bom groove e guitarras com bom peso, mas a seguinte, “Am I Savage?” deixa a peteca cair novamente, apesar do bom pré-refrão.  “Murder One” é a homenagem da banda a uma de suas maiores influências, Lemmy Kilmister e seu Motörhead. Preste atenção na letra e encontrará diversas referências a “Deus”. Ainda assim, poderia ser uma música mais empolgante. Curiosamente, o ponto alto de todo o álbum está justamente nesse segundo cd e atende pelo nome de “Spit Out the Bone”. Ela não só é a melhor canção de Hardwired... to Self-Destruct, como também a melhor coisa lançada pela banda nos últimos 25 anos. Uma verdadeira pérola Thrash, enérgica, empolgante, com uma intensidade fora do normal e que já não ouvíamos há muito tempo vindo do Metallica. Todos brilham aqui, mas com destaque maior para as guitarras de James e Kirk e o baixo de Trujillo. Simplesmente matadora e que te deixa perguntando porque o álbum inteiro não segue essa pegada, já que é a prova definitiva de que eles ainda conseguem ser brilhantes.

No quesito produção, não tem muito o que falar, pois todos conhecemos o padrão Metallica de qualidade. Lars, James e Greg Fidelman (Black Sabbath, Bruce Dickinson, Slayer) foram os produtores, sendo que o último também foi o responsável pela mixagem. Já a masterização ficou a cargo de Dave Collins (Bruce Dickinson, Sepultura, Mötley Crüe, Jason Becker, Sepultura). Quanto à capa, para mim simplesmente medonha, teve direção de arte a cargo de John Buttino (Black Label Society, Crowbar).

Ok, comparando com alguns de seus pares que lançaram álbuns esse ano, ainda perdem para o Testament, Death Angel e o Megadeth, mas ganham do Anthrax, o que não é pouca coisa, levando em conta o alto nível dos lançamentos. No final de tudo, posso afirmar que mesmo com alguns baixos da segunda metade em diante, Hardwired... to Self-Destruct é o melhor trabalho do Metallica nos últimos 25 anos. Simplesmente resolveram fazer o que fazem de melhor, Metal de qualidade, sem qualquer tipo de invenção ou tentativa de se adequar ao mercado. No final, isso é tudo que um fã realmente espera da banda. Só nos resta esperar que continuem assim.

NOTA: 8,0

Metallica é:
- James Hetfield (vocal/guitarra);
- Kirk Hammett (guitarra);
- Robert Trujillo (baixo);
- Lars Ulrich (bateria).

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terça-feira, 8 de novembro de 2016

Broken Jazz Society – Gas Station (2015) (EP)


Broken Jazz Society – Gas Station (2015) (EP)
(Independente - Nacional)


01. Gas Station
02. Riot Spring
03. Mean Machine

NWOBHM, Thrash, Death, Power Melódico. Todos esses estilos, em maior ou menor grau, já estiveram no alto da roda gigante da popularidade do Rock/Metal. Hoje esse posto é certamente do Stoner, basta ver a quantidade de bandas que apostam no estilo brotando por todos os cantos mundo afora. Em Minas Gerais, um dos grandes celeiros de grandes bandas brasileiras, isso não poderia ser diferente.

É mais precisamente de Uberaba que vem o Broken Jazz Society, trio surgido em 2013 e que no ano seguinte lançou seu trabalho de estreia, o bom Tales From Purple Land, onde mostravam bom potencial de crescimento. Mas antes que você pense que se trata de mais uma banda que copia ipsis litteris a cartilha de riffs do Black Sabbath, saiba que os mineiros vão além disso, já que ao seu Stoner acrescentam doses de Hard, Rock Alternativo e algo de Grunge, gerando assim uma sonoridade mais abrangente do que a escutada na maioria de seus pares.

O peso dá o tom das músicas aqui presentes, mas sem abrir mão em momento algum de um certo ar acessível. Já na abertura, com “Gas Station”, podemos observar tal fato. Enérgica, a faixa começa com riffs arrastados, mas logo descamba para um refrão empolgante, tudo isso com boas guitarras e vocais de Mateus Graffunder e uma parte rítmica retona e eficiente, a cargo do baixista João Fernandes e do baterista Felipe Araújo. “Riot Spring”, faixa seguinte, se trata de uma regravação advinda do debut. Talvez por isso, se diferencie um pouco das demais, já que possui um clima mais sombrio. Aqui ela soa mais pesada, com destaque para o baixo de João e o bom refrão. O trabalho se encerra com a balada “Mean Machine”, um Classic Rock com evidentes influências de Southern Rock (principalmente Lynyrd Skynyrd), com bom peso das guitarras e, como nas canções anteriores, um refrão que se destaca.


Gravado por Ricardo Barbosa no 106Studio (Uberaba/MG) e com a mixagem e masterização a cargo de Gustavo Vazquez (Uganga, D.F.C., Miasthenia) no RockLab Studio (Goiânia/GO), o resultado final ficou muito bom. Tudo limpo, audível, pesado, bem timbrado e com a agressividade necessária. A bela capa foi obra de Rod Cauhi e consegue transpor para a mesma toda a sonoridade da música do trio.

Apresentando um trabalho mais maduro, coeso e enérgico que o debut, o Broken Jazz Society vai comprovando o potencial demonstrado no passado e se mostra mais do que pronto para um segundo álbum. E que esse não demore muito mais. Ah, aos interessados, tanto Gas Station quanto Tales From Purple Land estão disponíveis para audição no site da banda.

NOTA: 8,0

Broken Jazz Society é:
-  Mateus Graffunder (vocal/guitarra);
- João Fernandes (baixo);
-  Felipe Araújo (bateria).

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Inter Arma – Paradise Gallows (2016)


Inter Arma – Paradise Gallows (2016)
(Relapse Records - Importado)


01. Nomini    
02. An Archer in the Emptiness      
03. Transfiguration      
04. Primordial Wound      
05. The Summer Drones      
06. Potomac    
07. The Paradise Gallows      
08. Violent Constellations      
09. Where the Earth Meets the Sky

Uma das coisas mais legais do Heavy Metal é a sua capacidade de estar sempre se reinventando, mesmo contra a vontade dos mais tradicionalistas. Esse é o caso da música praticada pelo quinteto americano formado por Mike Paparo (vocal), Trey Dalton (guitarra), Steven Russell (guitarra), Joe Kerkes (baixo) e T.J. Childers (bateria). Quem acompanha a carreira do Inter Arma, sabe que não só estão sempre procurando inovar, ampliar seus limites, como também praticam uma música irrotulável. Doom, Post Metal, Black, Death, Sludge, Progressivo, Psicodélico, até mesmo Southern em alguns casos, tudo se encontra misturado no caldeirão de influências dos americanos.

Mas bem, inclassificável ou não, a música do Inter Arma é acima de tudo brutalmente pesada e desafiadora, e isso não é diferente em Paradise Gallows. Quem escutou seus dois últimos trabalhos,  Sky Burial (13) e principalmente o EP The Cavern (14), vai ter uma noção do que encontramos por aqui. Dando um passo à frente, eles vão mais a fundo em sua fusão de estilos, mas de uma forma absurdamente convincente e coerente, já que estamos diante de um trabalho coeso e não de uma mistura sem pé nem cabeça. Como bem li uma vez, são diferentes estilos em diferentes momentos.

Paradise Gallows é um dos trabalhos mais desafiadores que você vai escutar em 2016. Altamente denso e em muitos momentos, perturbador, pode assustar os menos acostumados com a proposta do Inter Arma, mas conquistará de cara os já familiarizados com a mesma. Aos primeiros, vos digo, esse álbum irá crescer a cada audição e quando menos esperarem, terão sido arrebatados por sua força. Seja por sua diversidade, por sua vibração, pelos seus riffs pantanosos e hipnóticos ou mesmo por sua ferocidade, quando menos notar terá sido conquistado pelo mesmo.


A abertura se dá com a instrumental “Nomini”, com suas guitarras melódicas, seguida por um dos destaques do trabalho, “An Archer in the Emptiness”, com seu acento Death, vocais infernais, riffs cortantes e bateria destruidora. Imagine uma batida de frente do Morbid Angel com o Neurosis e poderá ter uma vaga ideia da força dessa música. “Transfiguration” mantém a intensidade do álbum, com seus riffs Sludge.  É uma espécie de canção de transição, ligando os trabalhos anteriores com o novo, assim como ocorre com “Primordial Wound”, bem lenta e que pode remeter ao Neurosis. “The Summer Drones” é outro grande destaque, com seus elementos psicodélicos, pegada progressiva e belo desempenho de Paparo. “Potomac” é outra instrumental, também se destacando pelas melodias de guitarra, sendo seguida pela faixa título. Bem lenta, remete a trabalhos passados e tem como grande destaque o desempenho monstruoso de T.J. Childers. Por sinal, ele volta a se destacar na destruidora “Violent Constellations”, que chega a assustar por tamanho peso. Encerrando, temos a sombria e acústica “Where the Earth Meets the Sky”, com ótimos vocais limpos e que fecha o trabalho com chave de ouro.

Mixado e masterizado por Mikey Alfred, o resultado final da produção ficou muito legal, já que mesmo deixando todos os instrumentos audíveis, não abriu mão da sujeira que tal proposta musical pede. Já a belíssima capa feita por Orion Landau (uma das melhores de 2016), conseguiu prefigurar perfeitamente o conteúdo de Paradise Gallows. Tempestuosamente bela. Ao final de tudo, não é de se espantar que a popularidade do Inter Arma venha crescendo a cada lançamento, pois sua música, além de qualidade inegável, se mostra única e cada vez mais instigante, sem fronteiras. O que nos leva a uma pergunta básica: até onde o quinteto de Richmond pode chegar? Um dos melhores trabalhos do ano.

NOTA: 9,0

OBS: Resenha originalmente publicada na October Doom Magazine de Setembro. O link para leitura online e/ou download se encontra logo abaixo.

 
Inter Arma é:
- Mike Paparo (vocal);
- Trey Dalton (guitarra);
- Steven Russell (guitarra);
- Joe Kerkes (baixo)
- T.J. Childers (bateria).

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segunda-feira, 7 de novembro de 2016

HÅRD:ON - HÅRD:ON (2016)


HÅRD:ON - HÅRD:ON (2016)
(Shinigami Records - Nacional)


01. We’re Not Going Home Tonight
02. Pole Dance
03. Jungle Girl
04. Devil Inside
05. Are You Afraid of the Dark?
06. Adrenaline
07. Liv' It Up (The Festival Song)
08. Here I Am
09. Between the Weed’n’Whisky

Se no passado não era algo comum encontrarmos boas bandas de Hard Rock no cenário brasileiro, esse panorama mudou, e muito, nos últimos anos. O estilo vem crescendo a olhos vistos em nosso underground, o que é algo para lá de positivo, pois quanto mais variedade estilística, mais forte ele se torna do ponto de vista musical. Formado em 2013 pelos experientes Alex Hoff (Exxotica) e Ricardo Bolão (SNAP), o HÅRD:ON finalmente chega a seu trabalho de estréia.

Contando ainda com o irmão de Alex nos vocais, Chris Hoff (que também canta no Rammstein Cover Brasil), HP Elliot na outra guitarra e Daniel Gohn na bateria, não é mistério o que encontraremos aqui. O bom e velho Hard/Glam oitentista, calcado em nomes como Mötley Crüe, Ratt e Twisted Sister (dentre outros nomes), enérgico e que se não apresenta nenhuma novidade, apresenta uma boa variedade, já que em alguns momentos flertam com estilos como AOR e o Heavy Metal. Ah, e claro, muita honestidade, energia e garra.

A capacidade que quinteto possui de forjar melodias grudentas é algo ímpar. Elas estão presentes em todas as músicas, assim como aquele clima festeiro e malicioso que se espera de um CD de Hard/Glam. Exemplos disso podem ser escutados “Pole Dance”, com um ótimo trabalho das guitarras e “Liv' It Up (The Festival Song)”, bem grudenta e melódica. Já a faixa de abertura, “We’re Not Going Home Tonight”, flerta levemente com o AOR, enquanto a intensa “Devil Inside” e a rápida e grudenta “Adrenaline” capricham no peso e possuem um pé no Heavy. Outra que capricha no peso é “Jungle Girl”, um Hard com pegada mais cadenciada e cheio da já citada malícia.


Agora vamos ao único porém do trabalho. Tendo seu instrumental sido gravado no Rocks Studio, em São Paulo e os vocais no Sound’n’Bulletproof, em Munique, Alemanha, o álbum foi produzido pela própria banda e teve masterização e mixagem realizados pelo renomado José “Heavy” Luiz Carrato (SP Metal, Patrulha do Espaço, Camisa de Vênus, Ira!, dentre muitos outros). Tinha tudo para ser uma produção de primeira, mas acabou um pouco abafada e crua além da conta. Ok, pode não comprometer tanto o resultado final, mas é um ponto no qual a banda deve avançar em seu próximo álbum. Já a capa, obra de Marcelo Calenda, é simples, funcional e deixa bem claro o que encontraremos quando o CD começar a rolar.

Apresentando um Hard/Glam de qualidade inconteste, calcado nos anos 80, direto, com melodias e refrões grudentos, mas que não abre mão do peso e de uma dose de agressividade, o HÅRD:ON já chega se credenciando para o primeiro escalão do Hard Rock brasileiro. É manter essa pegada e deixar que a estrada apare as arestas, pois o grande potencial aqui demonstrado os credencia para voos mais altos nos próximos anos.

NOTA: 8,0

HÅRD:ON é:
-  Chris Hoff (vocal);
-  Alex Hoff (guitarra);
-  HP Elliot (guitarra);
-  Ricardo Bolão (baixo);
-  Daniel Gohn (bateria).

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domingo, 6 de novembro de 2016

Melhores álbuns – Outubro de 2016


No primeiro domingo de cada mês o A Música Continua a Mesma fará uma lista com os melhores álbuns do mês anterior. Nela, respeitaremos as datas oficiais de cada lançamento, então sendo assim, não contaremos a data que os mesmos vazaram na internet, mas sim quando efetivamente foi ou será lançado.

Sendo assim, ai vão os melhores lançamentos de outubro na opinião do A Música Continua a Mesma.

 
 
 
 
 
 

 


Menções Honrosas

Khemmis - Hunted