sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Iron Maiden – The Book of Souls (2015)




Iron Maiden – The Book of Souls (2015)
(Warner Music – Nacional)

Disco 1
01. If Eternity Should Fail
02. Speed of Light
03. The Great Unknown
04. The Red and the Black
05. When the River Runs Deep
06. The Book of Souls

Disco 2
07. Death or Glory
08. Shadows of the Valley
09. Tears of a Clown
10. The Man of Sorrows
11. Empire of the Clouds

Não existe banda mais complicada de se escrever uma resenha do que o Iron Maiden. Por quê? Simplesmente por seus fãs serem os mais chatos da face da terra, para o bem e para o mal (não me excluo dessa lista, mas já sou chato naturalmente). Para eles é tudo bem 8 ou 80, principalmente no que tange a fase atual da banda, que se iniciou com o retorno de Bruce e Adrian a Donzela. Aqui as reações vão ser sempre apaixonadas e parciais.

Particularmente não aprecio essa fase mais “progressiva” do Iron Maiden e sinto uma falta monstruosa de quando eram bem mais diretos, mas entendo perfeitamente aqueles que a aprovam e principalmente, compreendo que não teria cabimento ficarem se repetindo álbum após álbum seus trabalhos oitentistas. Se eu não aprovo nada lançado pós – Brave New World, isso é um ponto de vista pessoal que não tenho qualquer direito de impor aos demais fãs minha opinião.

Mas deixemos de enrolação e vamos começar a falar do que interessa de verdade aqui, ou seja, The Book of Souls, o 16° álbum de estúdio dessa verdadeira lenda britânica. De início, abordemos um ponto que deve ter deixado muitos por ai preocupados, a voz de Bruce Dickinson. Lembremos que quando ele gravou seus vocais, estava sofrendo de um câncer não detectado na língua (mas hoje já tratado e curado), mas isso não afetou em absolutamente nada seu desempenho. Aliás, ouso dizer que seus vocais me agradaram bem mais aqui do que nos últimos lançamentos da banda. Mas e a música? Ah, a bendita música.....

Bem, digamos que nesse ponto, The Book of Souls também surpreende. Não que o Iron Maiden tivesse perdido a capacidade de forjar bons temas, mas era nítido que muitos dos fãs mais antigos ansiavam por um retorno da banda aquela sonoridade mais direta de outrora. Isso ocorre aqui? Bem, digamos que em parte sim, já que não soa exagero afirmarmos que nas 11 faixas que compõem o trabalho, mesclam o passado e o presente da banda. É nítida durante a audição a percepção de que os caras estão bem mais soltos e a vontade do que costumamos ver em seus últimos trabalhos de estúdio. Justamente por não terem forçado a barra, tudo aqui acaba soando natural como a muito não soava. Claro, temos muitas passagens “progressivas” aqui e ali, músicas com introduções mais longas e que vêm marcando o trabalho da Donzela nos últimos anos, mas mesmo nesses momentos, conseguem ser surpreendentemente mais diretos do que de costume.

Bem, vamos dar uma rápida pincelada música a música aqui. “If Eternity Should Fail” começa com uma daquelas introduções que parecem não ter fim, com a voz de Bruce criando um clima bem denso, mas depois de um minuto e meio, quando a música entra, nos deparamos com um Iron menos “sisudo” (para não dizer chato) que nos trabalhos passados. E ai não tem erro meus amigos, guitarras para lá de afiadas, despejando ótimas melodias e solos (finalmente Adrian, Dave e Janick acertaram a mão), Steve e Nicko dando show e tudo aquilo mais que estamos acostumados e esperamos escutar (e isso se repete em praticamente todas as canções). Chega à vez da conhecida “Speed of Light” e aqui não têm mistério, já que todos tiveram a oportunidade de escutar a música em questão. Direta, reta, com refrão grudento, como todos nós desejaríamos que o Maiden soasse sempre. Já a faixa seguinte, “The Great Unknown”, começa como qualquer outra música de qualquer trabalho pós 2000. Introdução sem fim, os instrumentos crescendo aos poucos até a música começar de verdade. Quem aprecia a fase atual vai gostar, mas para mim é uma música comum (apesar de estar longe de ser ruim). Quando você constata que “The Red and the Black” possui mais de 13 minutos, já se prepara para o pior, mas pasmem, apesar de se estender um pouco além do que deveria (uns 3 minutos a menos seriam de bom grado), ela acerta em cheio e não é menos que ótima. “When the River Runs Deep” é daquelas mais diretas, que alterna momentos mais rápidos com outros um pouco mais cadenciados e onde mostram toda a sua categoria. Encerrando o CD1, um dos grandes destaques do álbum, “The Book of Souls”, simplesmente épica do início ao fim, com seus 10 minutos que passam em 5.

O CD2 começa de forma surpreendente, com a matadora “Death or Glory”, que já inicia direta e reta, sem aquelas introduções monstruosas. Ok, beleza, apela para aquela fórmula manjada do título repetido varias vezes no refrão, mas e daí? Até parece que isso nos incomoda. Candidata fácil a próximo single. Em seguida temos Wasted Ye...ops, perdão, “Shadows of the Valley” (quando escutar a introdução, vai entender meu lapso). Essa é outra bem direta e empolgante, que poderia tranquilamente ter sido a faixa de trabalho, sendo mais uma das opções de single. Remete sem exagero algum a fase Somewhere in Time, sendo mais uma que se destaca sobre as demais e que certamente vai agradar aos saudosistas. Após esse início avassalador, temos o momento mais baixo de The Book of Souls. Não que “Tears of a Clown” e “The Man of Sorrows” sejam músicas ruins, longe disso, mas são as mais comuns de todas as 11 faixas presentes no álbum. Eis que então surge “Empire of the Clouds”. Assim como a abertura, essa é uma composição solo de Bruce e sinceramente, está entre as melhores coisas que ele já fez. São 18 minutos de duração? Sim, mas não se assustem. Ela começa com Bruce, no piano e voz e vai crescendo a cada minuto, até explodir em seu ápice. Mal comparando, seria uma espécie de “Rime of the Ancient Mariner” dos tempos atuais. Uma faixa épica como a muito o Iron não fazia.

A respeito da produção, irei me abster. Claro que está tudo limpo, perfeitamente audível, altíssimo nível, mas sinceramente, não gosto das produções de Kevin Shirley para o Iron Maiden. Já a capa de Mark Wilkinson é simples, mas funcional. Saudades de Derek Riggs e Martin Birch (sim, sou um fã chato e saudosista na maior parte do tempo).

Estamos diante de um novo clássico do Iron Maiden? Com todo respeito aos fãs da banda, não mesmo. Mas é indiscutível que em matéria de criatividade, esse é o melhor trabalho desde Seventh Son of a Seventh Son e olha que de lá para cá, se passaram 27 anos e 8 álbuns de estúdio. Se você é desses que espera o lançamento de um novo The Number of the Beast, Piece of Mind ou Powerslave, só posso lamentar. Isso nunca mais vai ocorrer, até porque tais álbuns já foram lançados e o Maiden não precisa fazer isso. Já os que curtem os trabalhos lançados nos últimos 15 anos irão ter orgasmos com a audição do Cd. Os ponderados como eu, que não esperavam nada muito relevante vindo do Iron atual, irão se surpreender com um belíssimo trabalho, mais do que digno da brilhante história do grupo britânico.

NOTA: 8,5



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