domingo, 7 de setembro de 2014

Discografia Comentada: Sabaton




Formado em 1999 na Suécia, hoje o Sabaton é uma das principais bandas do cenário Power Metal mundial. Apreciado por muitos, por sua sonoridade mais direta, enxuta e simples, talvez tenha igual número de detratores, que o acusam de se autoplagiar álbum após álbum, soando enfadonhos e repetitivos. Independente de qual lado tenha razão, hoje não se pode negar sua importância dentro da cena. A banda começa nesse domingo, em São Paulo, sua primeira turnê brasileira, que irá se estender por outras 9 cidades e em virtude disso, resolvi fazer uma pequena discografia comentada. Muitos irão concordar, outros tantos discordar, mas tenha sempre em mente que esse é apenas um dos diversos pontos de vista a respeito da banda e de seus álbuns e não uma opinião absoluta. E um viva a pluralidade de opiniões.


Sabaton – Primo Victoria (2005)
(Black Lodge Records)


01. Primo Victoria
02. Reign of Terror
03. Panzer Battalion
04. Wolfpack
05. Counterstrike
06. Stalingrad
07. Into the Fire
08. Purple Heart
09. Metal Machine

Álbuns do Sabaton são verdadeiras aulas de história militar e, eis aqui, a primeira delas. Musicalmente ou liricamente, o trabalho não traz nenhuma grande novidade em si. Power/Heavy simples, direto, com letras de temática bélica. Porque então a música do Sabaton conseguiu uma repercussão tão boa entre fãs do estilo? Simples. A grande maioria já estava sem paciência para os excessos cometidos pela maior parte das bandas do gênero, com teclados se sobrepondo aos demais instrumentos, letras falando de unicórnios, fadas, guerreiros medievais, vocalistas exagerados e aquelas baladinhas mela cueca que nunca faltam, fora os exageros operísticos.
Em Primo Victoria, salvo em raros momentos, o teclado se mantém ao fundo, fazendo a base para os demais instrumentos. As guitarras despejam riffs pesados e que fatalmente fazem o ouvinte se imaginar em um campo de batalha. Vide músicas como “Stalingrado”, onde você realmente se sente congelando e morrendo de fome em pleno inverno russo, ou “Wolfpack”, em que conseguimos nos imaginar dentro de um U-boat alemão, nos preparando para a batalha. Joakim Brodém, com sua voz grave e bem distinta, passa longe dos gritinhos irritantes de outros vocalistas do gênero, o que ajuda em muito também. Claro que essa simplicidade excessiva tem seus contras, já que falta um pouco de variedade nas harmonias e nas linhas vocais, por mais que suas músicas sejam ainda incisivas.
No final de tudo, Primo Victoria é muito bom álbum, com sua simplicidade pesando para o bem e para o mal. Maiores destaques para “Primo Victoria”, “Panzer Battalion”, “Into the Fire” e “Metal Machine”.

NOTA: 8,0


Sabaton – Attero Dominatus (2006)
(Black Lodge Records)


01. Attero Dominatus
02. Nuclear Attack
03. Rise of Evil
04. In the Name of God
05. We Burn
06. Angels Calling
07. Back in Control
08. A Light in the Black
09. Metal Crüe

O segundo álbum do Sabaton é quase uma clonagem de seu debut. Então significa que ele é tão bom quanto Primo Victoria? Infelizmente não. Sim, continuam aqui fazendo um Metal puro e simples, sem arranjos mirabolantes e grandes arroubos de técnica, mas falta algo a Attero Dominatus, que seu antecessor tinha de sobra: Intensidade.
Sim, os riffs pesados e diretos estão lá, as letras de temática bélica com todo aquele clima de batalha também, mas falta algo. O álbum até começa bem, com a enérgica faixa título, que possui um refrão que vai grudar na sua cabeça de cara e aborda a queda de Berlim do ponto de vista dos soviéticos e, principalmente, com a fantástica “Rise of Evil”, que em seus surpreendentes mais de 8 minutos, tratando da ascensão de Hitler ao poder na Alemanha pré-guerra. Depois disso, exceto em “In the Name of God” e “Metal Crüe”, o que temos é um Power/Heavy comum que, se não compromete, também não empolga. Um trabalho correto e nada mais.

NOTA: 7,0


Sabaton – Metalizer (2007)
(Black Lodge Records)


01. Hellrider
02. Thundergods
03. Metalizer
04. Shadows
05. Burn Your Crosses
06. 7734
07. Endless Nights
08. Hail to the King
09. Thunderstorm
10. Speeder
11. Masters of the World

Metalizer é o álbum de estréia do Sabaton. Não amigo, você não leu errado. Gravado em 2002 e com boa parte de suas músicas presentes na demo de 2000, Fist For Fight, não foi lançado na época devido a problemas com a gravadora da banda na época, Underground Symphony, tendo passado 5 anos engavetado.
Metalizer difere um pouco de seus predecessores, ou antecessores, vai de cada um. Aqui temos um álbum de Power Metal puro, sem as influências de Heavy Metal que vieram a marcar seu trabalho a partir de Primo Victoria. Apesar de ser logicamente um trabalho com músicas mais rápidas, é possível enxergarmos a base do que viria a ser o Sabaton, principalmente pelo vocal mais agressivo e a simplicidade de suas músicas, sem grandes arroubos de técnica. As letras também diferem em muito, já que no início da carreira o Sabaton tratava de temas mais comuns a bandas do gênero, como motocicletas, mitologia nórdica, Senhor dos Anéis ou Cristianismo.
É um trabalho diferente do que a banda viria a fazer e mais indicado aos fãs de Power Metal mais puro, o que não significa que seja ruim. Todas as qualidades do Sabaton estão presentes aqui, já nos permitindo ver à banda que um dia se tornariam. Destaques para “Hellrider”, “Metalizer” e “7734”.

NOTA: 7,5


Sabaton – The Art of War (2008)
(Black Lodge Records)


01. Sun Tzu Says
02. Ghost Division
03. The Art of War
04. 40:1
05. Unbreakable
06. The Nature of Warfare
07. Cliffs of Gallipoli
08. Talvisota
09. Panzerkampf
10. Union (Slopes of St. Benedict)
11. The Price of a Mile
12. Firestorm
13. A Secret

Terceiro álbum da banda no espaço de 4 anos (se contar que Metalizer estava pronto desde 2002), o Sabaton acabou fazendo o inevitável e lançando um trabalho conceitual. The Art of War é baseado no livro clássico de Sun Tzu, A Arte da Guerra (se ainda não leu, leia) e relaciona vários conceitos abordados no livro com batalhas modernas ocorridas. Ele chegou até mesmo a ter uma versão especial que vinha acompanhada do livro em si.
Musicalmente, o que podemos dizer? Como li uma vez, o Sabaton é o AC/DC do Power Metal, pois você sabe exatamente o que esperar de um trabalho da banda. Apesar de ser um pouco menos previsível e um pouco mais pesado e agressivo que Attero Dominatus, você vai encontrar aqui exatamente as mesmas características dos álbuns anteriores. Com ótimas melodias e refrões grudentos, acaba sendo um trabalho de fácil assimilação, sendo quase pop nesse sentido (não estou dizendo que ele é comercial, ok.). O ponto que mais me incomoda nesse trabalho são as vinhetas faladas, onde partes do livro são lidas antes do início de algumas músicas. Ainda sim, nada que atrapalhe o bom resultado final. Destaques aqui para as clássicas “Ghost Division”, “40:1”, “Cliffs of Gallipoli” e “The Art of War”.

NOTA: 8,0


Sabaton – Coat os Arms (2010)
(Nuclear Blast Records)


01. Coat of Arms
02. Midway
03. Uprising
04. Screaming Eagles
05. The Final Solution
06. Aces in Exile
07. Saboteurs
08. Wehrmacht
09. The White Death
10. Metal Ripper

Coat of Arms é a continuação natural de The Art of War, para o bem e para o mal e marca o início da parceira com a Nuclear Blast. Em muitos momentos, ficamos com aquela impressão de que já ouvimos essa ou aquela música antes, então se prepare para ser remetido a faixas do trabalho anterior, como “40:1”, “Ghost Division”, “Cliffs of Gallipoli” ou “The Art of War”. Para alguns isso pode ser maçante e repetitivo, para outros, perfeito, já que as faixas citadas acima estão entre as melhores do trabalho passado.
Existe um conceito aqui também, no caso a 2ª Guerra Mundial, pois todas as letras versam sobre fatos ocorridos no evento, indo desde a resistência de povos civis até o genocídio das minorias, passando por batalhas ocorridas. Simples e cativante, mantém as mesmas características básicas do Sabaton, o que para os fãs é o esperado. Destaques para as clássicas “Uprising” e “White Death”, assim como para a faixa título. Quem disse que para uma música ser boa, ela tem de ser intrincada?

NOTA: 7,5


Sabaton – Carolus Rex (2012)
(Nuclear Blast)


01. Dominium Maris Baltici
02. The Lion from the North (Lejonet från Norden)
03. Gott mit uns
04. A Lifetime of War (En livstid i krig)
05. 1648
06. The Carolean’s Prayer (Karolinens Bon)
07. Carolus Rex
08. Killing Ground (Ett slag färgat rött)
09. Poltava
10. Long Live the King (Konungens likfärd)
11. Ruina Imperii

Com sua base de fãs consolidada por toda Europa, o Sabaton chega aqui a seu momento de maior maturidade. Carolus Rex é um álbum conceitual, que aborda a história do Império Sueco (1611 – 1718), passando pelos reinados de Gustavo II Adolfo, Carlos XI e Carlos XII, sendo seu trabalho mais ambicioso até hoje. Existem duas versões Carolus Rex, uma cantada em inglês e a outra em sueco, sendo em minha modesta opinião, essa segunda versão superior. Escutar o Sabaton cantando em sua língua pátria dá outra dimensão às músicas.
Até pela proposta em si, esse acaba sendo um álbum mais Heavy do que Power, com muitos momentos épicos e algumas passagens mais elaboradas e pomposas. Ainda sim, nada que fuja muito da proposta mais simples da banda.  Os vocais graves, os riffs diretos e pesados, a cozinha correta, tudo continua bem presente aqui. Ah, claro, o autoplágio também, para a alegria de seus detratores e apreciadores. O Sabaton consegue dar com perfeição a atmosfera mais carregada e obscura necessária para que Carolus Rex funcione bem. Sendo assim, você consegue sentir o drama da Batalha de Praga em “1648”, o clima sombrio de “A Lifetime of War” quando relatam a miséria causada pela Guerra dos 30 anos ou o clima bélico da Batalha de Fraustadt em “Killing Ground” (com um estilão bem Iron Maiden). Para mim, o melhor álbum da banda até então. Destaques para “The Lion from the North”, “Gott mit uns” e “Carolus Rex”.

NOTA: 8,5

 
Sabaton – Heroes (2014)
(Nuclear Blast)


01. Night Witches
02. No Bullets Fly
03. Smoking Snakes
04. Inmate 4859
05. To Hell And Back
06. The Ballad Of Bull
07. Resist And Bite
08. Soldier Of 3 Armies
09. Far From The Fame
10. Hearts Of Iron

Após o lançamento de Carolus Rex, para a surpresa de muitos o Sabaton rachou, sobrando apenas o vocalista Joakim Brodén e o baixista Pär Sundström. Inevitavelmente o clima de apreensão se abateu entre os fãs. O que esperar da banda nesse momento? Pois bem, Heroes respondeu a todos da melhor forma possível, mostrando ao mundo qual era o núcleo duro do Sabaton.
Forte e se mantendo entre o Heavy e o Power, cortando o que é desnecessário em sua música e apresentando tudo de forma muito enxuta, Heroes é o melhor álbum do Sabaton. Sim, você tem muito do mais do mesmo dos 6 trabalhos anteriores aqui, mas é isso que o fã espera quando vai escutar um álbum dos suecos. Fora isso, Brodén e Sundströn colocaram a faca entre os dentes e, ao lado de novos músicos, parecem querer provar aos ex-integrantes quem está do lado certo do campo de batalha. Liricamente o trabalho todo gira em torno dos heróis da 2ª Guerra, de ambos os lados, sendo que a faixa “Smoking Snakes” possui um gostinho especial para os fãs brasileiros, já que trata de três heróis de guerra brasileiros da FEB, que tombaram em batalha na Itália. Maiores destaques para “Hell and Back”, “Soldier of 3 Armies”, “Resist and Bite” e “Inmate 4859”.

NOTA: 8,5

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